Vamos, Allons, Andiamo, Go Brasil!
Acordamos em Chamonix, França, às 3h30 e nos dirigimos ao ponto de partida dos ônibus que levariam os atletas para Courmayer, na Itália. São 20 km de distância, cerca de 30 minutos, que separam atletas do mundo inteiro do local da largada.
Sentando ao meu lado, um francês que mais parecia um jogador de basquete, gigante e simpático perguntou de onde eu era. Quando falei que era do Brasil, ele abriu um sorriso e me indagou se no Brasil existiam montanhas como estas que íamos enfrentar. Sorri e disse que existiam lindas montanhas no Brasil, mas não com neve (rs).
O início do TDS é diferente de tudo que já experimentei na América do Sul. Imagine uma festa gigantesca, um mar de pessoas, música no volume máximo e uma dança maluca puxada pelos coordenadores da prova. Imagine ter 1500 corredores – qualificados, loucos, experientes – que partiriam em debandada rumo aos Alpes em direção a França. Ansiedade, tensão e diversão misturadas.
Corri aqui em 2010 e sabia que teria que ajustar a minha velocidade para que eu pudesse ir um pouco mais rápido e não pegar muita “muvuca” nos checkpoints (onde é preciso registrar a sua chegada, obedecendo às regras da prova com limite de tempo que podem te desclassificar).
Start! Comecei num ritmo confortável, porém mais forte que em 2010 não deixando que meu batimento subisse demais e procurando aproveitar a incrível energia das multidões, das belas paisagens e da minha experiência adquirida nos últimos anos.
Os primeiros 19 km passaram num piscar de olhos, pois estava preocupado com o tempo de corte no primeiro checkpoint. A primeira barreira de horário estava localizada em La Combal e o horário máximo para cruzar era 11h30, eu passei por lá às 9h26, o que me deu tranquilidade.
Nas subidas, eu constantemente seguia num ritmo muito bom, tomando cuidado para não atacar demais as descidas e preservar minhas pernas para tudo o que ainda viria. O meu plano previa uma corrida mais confortável de forma que na somatória geral tivesse um bom ritmo de prova de montanha.
Carregava em minha mochila muitas coisas, entre elas as minhas pílulas de incentivo: foto do meu pai, escapulário de Nossa Senhora e uma pequena bandeira do Brasil pendurada.
Não sei exatamente o motivo, mas me sentia um atleta importante, representando o meu país com toda a garra de um campeão. Éramos dez brasileiros naquele desafio e era um orgulho imenso só o fato de estar ali. Por todos os pontos em que passava, as pessoas gritavam no bom francês, italiano ou em inglês: Allons, Andiamo, Go Brasil! É gratificante e emocionante ouvir palavras de incentivo e saber o quanto somos queridos, cheguei a ouvir a Aquarela do Brasil em francês. Foi ótimo.
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