ULTRA FIORD – ANTES DA PROVA

Publicado em 21 de abril de 2016

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A DECISÃO PELOS 100KM
Tinha em mente que a distancia certa para mim em 2016 seria os 100km, restava saber se encararia a Patagonia Run ou Ultra Fiord. Talvez tenha sido o ultimo atleta da assessoria Trail Runners Brasil a fazer a inscrição para esta prova, pois tinha muitas dúvidas se conseguiria me preparar para tamanho desafio. Não me esqueço do meu técnico Marcelo Sinoca falando para quem lhe perguntasse sobre a primeira edição e a resposta era categórica: “Não indico e nem recomendo a nenhum aluno. Os motivos não eram poucos: frio, chuva, fortes ventos e uma estrutura simples fizeram da primeira edição algo incrivelmente desafiador ao ponto de deixar os relatos de atletas experientes em provas cascudas como o Marcelo Sinoca e Manuela Vilaseca serem assustadores.

pensou correr aqui?
pensou correr aqui?

A escolha pelo Fiord veio através do incentivo da minha esposa que faria aniversário no final de semana da prova e pelo meu compadre Fernando Assumpção, restava agora conversar com o meu técnico, perguntei se haveria tempo hábil para me preparar para este enorme desafio, o mesmo foi categórico: “Cição lhe conhecendo, tenha certeza que deixarei você pronto para o Fiord”. O tempo foi curto e intenso, mas aproveitei cada segundo dos treinos, incluindo os memoráveis, como não me lembrar das várias vezes em que fui juntos com os parceiros e amigos de sempre ao Reflora, Pico odo Jaraguá, Serra do Japi, o ataque sinistro ao cume do Pico do Corcovado com a rodagem insalubre de 30 km de asfalto, além da travessia do Pico dos Marins a Itagaré com mais rodagem nos estradões de terra da cidade de Marmelópolis, ali eu ouvi do meu técnico “Cição você está pronto mentalmente e fisicamente”. Confesso que duvidava um pouco daquela certeza, mas não deixava transparecer.
A VIAGEM – TURBULÊNCIA NO CAMINHO
Chegar no extremos sul do Chile não é tarefa das mais fáceis. Partimos de São Paulo com destino ao Aeroporto mais ao sul do Globo Terrestre, localizado na cidade de Punta Arenas, Já na primeira parte da viagem, entre São Paulo e Santiago, enfrentamos uma turbulência de 25 minutos, ao ponto do carrinho que auxilia a tripulação a servir os passageiros ter ficado no meio do corredor. Confesso que passei um aperto naquele momento, o estomago veio a boca varias vezes e vi muita gente rezando para que aquela turbulência passasse logo. De Santiago a Punta Arenas tudo foi mais tranquilo, Cris, Adriana e eu tratamos de tirar um cochilo. Ao descermos em Punta Arenas ja no final da madrugada, resolvemos dar uma carona para a Vivian, vinhamos de um calor de mais de 30 graus e a partir dali a temperatura beirava zero grau. Ao pegar o carro que havia reservado, olho no marcador da gasolina que apontava abaixo de meio tanque, o rapaz da Hertz me tranquilizou dizendo que dava para ir até Puerto Natales, só que não rs pois a autonomia do carro dizia que dava para rodar 250km e a distancia até Natales indicava 263km. Eu fiquei quietinho na viagem toda afim de não assustar as meninas, mas na hora em que o último ponteiro da gasolina piscava há muito tempo e faltando uns 10kms para chegarmos na cidade, eu brinquei, “sabe aquele trotinho da planilha, acho que iremos fazê-lo daqui a pouco, pois já já teremos uma pane seca rs” As meninas ficaram meio assustadas, imagina você ter que ficar parado no meio da Estrada de nome “Rota del Fim del Mundo” com certeza não é uma sensação das melhores.

Puerto Natales
Puerto Natales

PUERTO NATALES – NOTICIAS DE ÚLTIMA HORA
Dizem que todo pessimista é um otimista bem informado, com a minha neurose de se planejar tem um pouco a ver com isso, estudava várias possibilidades de como fazer a prova, o que comer? o que vestir? além é claro dos equipamentos obrigatórios. Agora, estou aqui, sentado no lobby do hotel e admirando a baía de Puerto Natales, enquanto redijo este texto fica as coisas parecem simples, mas de fato não são. Qualquer elemento que por ventura você esqueça ou simplesmente abdique, você pode pagar caro durante as varias horas em que você passara exposto ao clima inóspito da Patagônia. Olhava a previsão do tempo todos os dias e havia 40% de chaces de nevar no dia da prova, ficava imaginando, eu que nunca havia visto neve, poderia vivenciar isso durante a prova.
Retiramos o kit no Espaço Nandu, uma mistura de loja, lanchonete que fica bem ao lado da Igreja principal de Puerto Natales ambos situados na Praça das Armas. Durante os ajustes da minha mochila e dos meus drop bags, surge a noticia da organização que devido as más condições do tempo e para a segurança dos atletas as provas de 100MI, 100km e 70km teriam parte de seus percursos desviados para a rota dos 50km. A partir daquele momento a estratégia havia mudado completamente, nos 100km os dois postos com comida quente deixaria de existir, só teríamos um e no km 49, neste posto poderíamos enviar um único drop bag com as minhas coisas: (roupa seca, tênis, etc). Essa parada principal é parecida com uma corrida de formula 1, onde o piloto tem uma estratégia para parar 2 vezes do no box e derrepente a estratégia muda para uma parada só, caso isto não tenha sido bem planejado o piloto pode parar no meio do caminho.
continua….
 

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