Mudanças ou escolhas em nossas vidas, muitas vezes surgem por causa das palavras que ouvimos. Escolhi dois personagens que fizeram os 50km do XTERRA da ILHA BELA e as suas histórias servem de inspiração.
Primeiro personagem é o meu amigo Thiago “Mini Cooper”, o fato dele ter passado a sua juventude na Ilha, fez com que ele criasse uma verdadeira ligação com aquele lugar. Após um dos nossos treinos, eu o indaguei: Mini, por que correr novamente no mesmo lugar? em certo momento, ele me confidenciou:
“Cição, nem sempre na minha vida, eu fui magro e atleta. O que fez com que eu mudasse de hábito, foi uma frase proferida por um amigo matreiro durante a minha adolescência, aqui mesmo na Ilha Bela.
Imagina você a seguinte cena: estávamos voltando da praia de Castelhanos quando o carro cheio de amigos acabou atolando. Esse meu amigo, proferiu uma frase que pra mim foi um tiro mortal no meu coração. Sem pensar duas vezes, ele descarregou a sua AK47 cheia de palavras que atingiram em cheio o meu peito:
“Coloca o “GELÉIA” na caçamba, que o peso dele será o suficiente para sairmos deste atoleiro” todos riram muito de mim e aquilo ficou na minha cabeça por um bom tempo. “GELÉIA”, era o meu apelido. Eu sabia, que a partir daquele momento, a minha vida teria que mudar.
Hoje, eu penso no bem que este meu amigo me fez. Cição, eu adoro fazer essa prova, pois toda a vez que passo por aquele lugar, seja subindo ou descendo, as palavras dessa história passam pela minha cabeça e isso me dá forças, para ir mais rápido e feliz. Hoje eu vejo como estou cuidando melhor de mim e sirvo de exemplo para a minha filha.
Antes de saberem o final desta história, esperem para ver o que as palavras fizeram com a minha amiga Cris.
A Cris é conhecida pelos amigos mais próximos da corrida como a “Anna Frost brasileira”, a sua conexão com a corredora patrocinada pela Salomon, não veem só da semelhança física nem da arte de criar e vender semi jóias.Vem também da semelhança das suas emoções em relação a família, as viagens e as dores que foram relatadas no curta “Home” que pode ser visto no canal Salomon Running TV no youtube.
A nossa guerreira brasileira, vinha sofrendo, já fazia algum tempo, na tentativa de alinhar a força da sua cabeça, com a força de suas pernas. Havia uma dissonância, entre o querer e o poder, pois tentou algumas vezes chegar ao fim de algumas provas, e não conseguiu sucesso.
Ela acabou optando pelo Xterra de Ilha Bela. Mas, porque Ilha Bela? Talvez pelo fato de ter sido a prova mais próxima, depois de ter ouvido do nosso treinador, que como um pai querendo ver o melhor pra sua filha, disse a seguinte frase: “Cris, quando é que o seu ano sabático irá terminar? Durante os treinos, ela comentava comigo:
“Cição, as palavras do Sinoca me deram forças para sair do meu ano sabático e o XTERRA será o meu ressurgimento, anota aí o que estou falando”. Eu percebi que as suas palavras tinham tamanha sonoridade, que entrariam por seus ouvidos, passariam pelo seu coração e invadiriam a sua cabeça, de tal forma que não haveria como voltar atrás.
Eu creio que a força que a Crisinha possui vem da adoração e da ligação que ela tem por seus pais. O Seu Enos e principalmente a dona Cleide, que com garra e fé, enfrenta o de Mal de Parkinson.
Sinto que a corrida, faz uma conexão espiritual entre a Crisinha e a sua mãe, é como se ela corresse sempre em dupla, como se os passos que a sua querida mãe não pode dar, ela desse pelas duas.
Acho que deve ser por isso, que a Cris executa os movimentos da corrida, com tamanha beleza e maestria. No XTERRA de Ilha Bela, as lágrimas que desceram do seu rosto, durante muitos momentos da prova, refletiam a alegria e o amor desta conexão com a sua mãe.
Sim, tiveram momentos de extrema dificuldade durante a prova, mas todos eles foram superados, graças a garra e o amor existente entre elas.
O final desta história, foi apenas o final de mais um capítulo, a Cris cruzou a linha de chegada em 5 lugar na classificação geral feminina e em 2 lugar na sua categoria, mas será que isto importou para a Cris?
Duvido, ela simplesmente ao cruzar a linha de chegada, mergulhou no mar e deve ter pensado: Obrigado mãe, por mais um vez ter me dado forças para eu ter conseguido dar um fim no meu ano sabático e a ti que eu dedico essa medalha.
Já o meu amigo Thiago, cruzou a linha de chegada não como o adolescente com uns quilos a mais, mas cruzou a linha de chegada de mãos dadas com a sua filha Gabi. Foram 50kms e apenas 4 atletas chegaram a frente ex-GELÉIA.
No fundo sou eu que agradeço a esse amigo do Mini, por ter disparado a sua metralhadora de palavras. Ele deu ao mundo um atleta querido, humilde e especial.
Tanto a Cris como o Thiago, dizem que eu os inspiro, mas no fundo no fundo, são eles que me inspiram com as suas histórias de vida e superação.
E aí? Qual é a sua história de superação? quais foram as palavras que te motivaram a fazer algo por hoje? Aliás o que você fez por você hoje?
Abraços bons treinos e pau no cat!
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