Segue o meu relato sobre a primeira Edição brasileira do The Northface EC Agulhas Negras! Faço deste post uma homenagem a cada corredor de montanha deste País.
Resolvi fazer algo diferente desta vez. O Trail Run é um esporte maravilhoso, que inspira, que comove, e que serve para unir os amigos como uma verdadeira família. Por isso, convidei alguns amigos queridos para me ajudarem com a seguinte missão: enviar uma foto prova, dizendo, em uma única palavra ou frase, o que essa prova representou na visão de cada um. 

A querida Ju atleta TRB escolheu a palavra: COMPANHEIRISMO!!!
A querida Ju atleta TRB escolheu a palavra: COMPANHEIRISMO!!!

A preparação para essa prova pareceu a de um aluno de vestibular. Se fosse “finisher” teria certeza de que havia conseguido os preciosos 02 pontos que serviriam para voltar ao Ultra Trail du Mont Blanc em 2016. Essa era a minha meta e tudo começou a ser desenhado no final de 2014 quando, em conversa com o meu técnico, decidimos que seria uma excelente oportunidade.

A palavra escolhida pelo meu amigo Edinho, corredor que fez os 50k - atleta JVM foi: EMOCIONANTE!
A palavra escolhida pelo meu amigo Edinho, corredor que fez os 50k – atleta JVM foi: EMOCIONANTE!

Tiveram pontos importantes para que optasse por fazer os 80k das Agulhas Negras, o primeiro deles era que todos os meus amigos iriam fazer a prova, optando por uma das distâncias, desde o iniciantes nas distâncias de 11K, passando pelos 21K, 50K e os 80K. Outro ponto era que encontraria ali a elite do Trail brasileiro, alguns ídolos, os atletas patrocinados por diversas marcas, além do atletas anônimos, que também são verdadeiros feras, iriam participar desta grande festa.

Fernando amigo querido escolheu a palavra: COMPANHERISMO!!!
Fernando amigo querido que fez os 50k ao lado do seu parceiro Igor escolheu a palavra: COMPANHERISMO!!!

Partimos de São Paulo, eu, Nana, Cris rumo a região de Itatiaia onde chegamos na noite da quinta-feira e fomos direto para arena da prova. Fiquei muito feliz por ter encontrado o meu técnico Marcelo Sinoca logo de cara. Tiramos fotos, conversamos e partimos para a nossa pousada que ficava a 5km de Visconde Mauá no bairro Maromba.
Na manha seguinte de céu azul, nem bem terminei o meu café, recebo um delicioso convite do meu técnico: “Cição esta afim de trotar com os atletas da Northface?” A excitação aumentou na mesma hora que disse sim, partimos eu, Cris e Nana e nos encontramos no Hotel Burlher local escolhido (um dos mais antigos da região) para hospedar toda a equipe da Northface.

O Sinoca escolheu a palavra: ALEGRIA!!!!
O Sinoca que fez os 80K – escolheu a palavra: ALEGRIA!!!!

Fui recepcionado pelos atletas Manu Vilaseca, Sinoca, Virgilio, Carlos Magno, Ju Salviano e pela Dena atleta americana. Trotamos por quase uma hora num clima de pura descontração e alegria. Tiramos inúmeras fotos, trocamos muitas ideias sobre provas, experiencias e sentíamos ainda mais a energia do lugar.
O dia foi passando e tínhamos coisas importantes para serem feitas. Retiramos os nossos kits, ajustamos os equipamentos e, tão logo jantamos, voltamos para a pousada, pois a largada dos 80K aconteceria às 4 da matina e, pra isso, devíamos acordar as 2 da madrugada.
O relógio despertara pontualmente as 2 da madrugada. Não demorou, salto da cama e tomo uma ducha rápida, afim de acordar os meus músculos. Visto a minha bermuda, passo hipoglós nos meus pés, visto as minhas meias de compressão, calço o meu tênis e visto a minha camiseta de numero 58. Checo pela ultima vez a minha mochila e os itens obrigatórios, dou um beijo na minha esposa, lhe desejo uma prova nos 50k e saio para encontrar a turma da madrugada.

Cris escolheu a palavra TRISTEZA - pelo fato de ter sido cortada!
Cris escolheu a palavra TRISTEZA – pelo fato de ter sido cortada, por ter pego transito na trilha!

Tudo a postos, fomos para largada Cris, Mini e um amigo de Três Corações – MG que nos pediu carona. O caminho até a largada era estranho, tentávamos relaxar mas ao mesmo tempo sabíamos que teríamos um longo dia pela frente. Faltando 15 minutos para a largada, entrei no funil de checagem de equipamentos, o staff olhava e verificava se eu estava com o meu anorak e o meu cobertor de emergência. A fundo ouvia o som do AC/DC – T.N.T, por um momento me perdi da Cris e do Mini e nesse meio tempo cumprimentei o Chico Santos “cearense arretado” e a Manu super campeã. Fiquei lá no fundão de propósito, larguei quase em último pois, psicologicamente pra mim, o que viesse pela frente seria lucro. Dei um abraço fraterno nos meus amigos e desejei-lhes boa sorte com palavras de incentivo, olhei pro céu, pedi proteção e fiz um oração interna e partimos.
Antes do primeiro km, precisei dar uma parada para fazer um “pipizinho” fruto da ansiedade, e voltei rapidamente para a prova. Tratei de acelerar, pois sabia que logo mais haveria um single track e não queria pegar muito transito na trilha. Estava muito preocupado com os cortes que, nesta prova, eram severos, de padrão internacional.
Na medida que o tempo ia passando encontrava rostos conhecidos e concentrados, poupava energia, fazia acenos com a mão, mas não abria muito a boca, exceto para pedir esquerda para pedir passagem ou para dar passagem para alguém mais rápido.
Na descida do primeiro single track a prova já mostrava suas garras, éramos desafiados por um piso escorregadio, por haver inúmeras raízes, troncos, travessias de rios, que até mesmo os atletas mais experientes precisavam do máximo de cuidado e atenção.

Eijiro atketa querido que fez os 50K escolheu a palavra: FAMILIA
Eijiro atleta querido da TRB fez os 50K escolheu a palavra: FAMÍLIA

Numa dessas descida pedi esquerda a um atleta de maneira muito educada : “quando possível você poderia me dar esquerda?” o atleta bem mau educado respondeu de maneira ríspida da seguinte forma: “será que você não sabe que a prova é longa? Você vai dar com os burros na água?” respondi a ele da seguinte forma: “meu amigo, cada atleta tem uma estratégia, se me der mau a responsabilidade e minha”; acabei passando-o, mas confesso que aquela energia ruim havia mexido comigo ao ponto de ter que respirar fundo e voltar a me concentrar na prova.
Ainda no escuro corríamos num plano ao lado de um rio, éramos eu, a 5 colocada no feminino, atrás de um atleta que pelo sotaque, devia ser do Rio. Ele apertou o passo e abriu da gente uns 800 metros, estava um pouco forte para a minha estratégia, resolvi dar uma segurada. Ao mesmo tempo que olhava as marcações, seguia de longe a lanterna do atleta que havia me passado. Percebi que ele ia bem a minha direita, resolvi segui-lo e quando menos esperava, ao pular um arame, cai numa especie de charco, e bati os meus joelhos numa pedra e ficando com água até o peito.

“Respirei fundo e, por alguns segundos, achei que a minha prova havia chegado ao fim, tamanha era a dor que sentia.”

A 5 colocada, que vinha grudada em mim, também caiu mas, felizmente, não se machucou. Percebemos que a marcação mandava os atletas para a esquerda e não para a direita. Pensei comigo,”Não havíamos chegado nem no primeiro posto de controle e cá estava eu, tendo que resolver algo que não estava no script”

PRESENTE DE DEUS - assim definiu o meu querido amigo L.M!!
“PRESENTE DE DEUS” – assim definiu o meu querido amigo L.M!!

Corria com certa dificuldade e respirava fundo tentando pensar em coisa positivas, o primeiro posto que era para dar as caras no 9,7km só foi aparecer depois de 12km. Comecei a usar os recursos que havia programado para mais tarde, antes do prazo, o meu ipod que ligaria somente no km 45 para servir como um incentivo, ligara ali mesmo.
A música que tocava era 8 Anjo e o refrão era assim: “Acharam que eu estava derrotado,  quem achou estava errado, eu voltei, tô aqui, se liga só, escuta aeeee, ao contrário do que você queria, to firmão, to na correria, ao contrário do que você queria, sou guerreiro e não pago pra vacilar, sou vaso ruim de quebrar”.

Prova 50k foi filho da puta afinal eu sofri, AMEI, curti muito, qdo percebi que tava chegando a chegada me emocionei muito (dificil se emocionar kkk) por ter conseguido terminar com dores joelhos... Enfim esta foto me marcou muito forte.. Muito sentimento!
Nana Finisher nos 50k definiu assim: prova filho da puta, afinal eu sofri, AMEI, curti muito, qdo percebi que tava chegando e me emocionei muito (dificil se emocionar kkk) por ter conseguido terminar com dores joelhos..Muito sentimento!

Pensei…nada é por acaso. Engole o choro Cição e vamos pra cima de cada km com fé e força.
O dia foi amanhecendo e a beleza do lugar se revelando, o dia era de céu azul. Andava num ritmo forte pelos estradões da região, ao chegar no posto de controle 3, estava com 1 hora acima da linha do corte, perguntei ao staff quantos haviam passado? ele me disse: “você é o 29”. Fiquei com aquilo na cabeça e me preocupava com a Cris e com o Mini, pois a prova estava duríssima e não sabia ao certo onde eles estavam.
Confesso, não gosto muito de correr em estrada, gosto muito mais de montanha, do sobe e desce. Torcia um pouco o nariz para aquela imensidão de estrada e abria um sorriso quando chegavam as trilhas com subidas e descidas. Ao chegar no posto de controle no pé da pedra selada, conheci um amigo pessoalmente que já era meu amigo nas redes sociais – o Paulão do BOPE. Ele me perguntou você não é o Cição? “Pau no Cat?” eu disse: Sim sou eu”, nos cumprimentamos e seguimos morro acima, ele na minha frente e eu logo atrás.
No meio da subida ele deu uma parada para comer algo e eu rapidamente alcancei o topo da Pedra Selada onde havia 02 bombeiros que alertavam os atletas sobre ter cuidado na descida pois, além de escorregadia, estava com muitas raízes. Useis as cordas, a luva e a minha técnica, afim de dar qualidade na minha corrida, e, fruto disso, voltei a ter no meu campo de visão a 6 mulher (atleta da territorio mountain).

Thiago Mini Cooper corredor da TRB finisher nos 80K escolheu esta foto e definiu com esta palavra a prova: CORAÇÃO!!!
Thiago Mini Cooper corredor da TRB finisher nos 80K escolheu esta foto e definiu com esta palavra a prova: CORAÇÃO!!!

A descida castigava as minhas pernas mas dentro de algo suportável, o que incomodava mesmo era o joelho que estava inchado. A passar pelo km 50, senti que seria finisher, a parti dali, era questão de cabeça, de auto controle. Acabei encontrando o Lessa, atleta experiente, que me pediu um gel, acabei brincando com ele dizendo: “esse gel vale um vinho rs custo de oportunidade, ele riu e brincou falando que o gel estava muito caro rs.
A diferença entre o meu garmin e as marcações da prova chegaram a marcar 9,9km de diferença, então, ao perceber isto, eu reprogramei a minha mente para correr 90km e não mais 82km como estava na programação. Havia tido esta experiência na Maratona dos Perdidos feita em 2014, o que era pra ser 44km viraram 47km e como eram os mesmos organizadores, a minha ficha havia caído logo quando dei de cara com a primeira diferença entre a marcação da prova e o meu relógio.
Passei pelos 80km com 11 horas de prova, pensei comigo: “olha que maravilha se a prova terminasse agora rs Só que não!” Tratei de seguir em frente sem esmorecer, fui passando por vários atletas dos 50km.
Derrepente escutei uma musica que queria ouvir muito durante a prova “Maria Maria na versão do Emerson Nogueira” – Maria Maria, é um dom uma certa magia, um força que nos alerta! Mas é preciso ter força é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre.” Naquele momento, os meus olhos encheram de lágrimas, não só porque a minha mãe tem o mesmo nome da musica, mas também porque foi no mesmo momento que encontrei um cara fazendo os 50km no qual eu sou fã e que me inspira o Carlos Dias Ultra. Falei oiii pra ele, disse-lhe que era seu fã e desejando boa prova e a minha voz embargou, lágrimas caiam aos montes. Ele me desejou boa prova guerreiro, continue firme e forte.
Faltando menos de 6km para terminar, entrei no asfalto e, de longe, vejo um caminhão vindo na minha direção e logo percebi que era o Gui Pádua, só deu tempo de ouvir o grito VAI CIÇÃO SEU MONSTRO!!

Jo Jo - "Sentimento e Alegria a flor da pele"
Giovana a nossa: Jô Jô – “Sentimento e Alegria a flor da pele”

Naquela altura da prova, era tudo gana, raça e fé! Ouvia os atletas dos 50km reclamando e eu ali feliz e amarradão, curtindo os meus momentos ao máximo pois estava perto de realizar mais um sonho. Lembro-me que ao dar uma palestra para um grupo de pessoas que trabalham comigo, eu havia falado de preparo, planejamento, objetivo e o quanto é gostoso se preparar para algo que te faz feliz e que você quer muito. Aquele turbilhão de pensamentos me faziam dar um passo após o outro e que logo logo tudo aquilo que havia falado se tornaria realidade mais uma vez.
Entrei numa trilha final e faltando uns 3km me deparei com uma subida insana e a minha pressão cairia abruptamente. Achei por um segundo que ia desmaiar, tamanha era a minha exaustão, vi o Lessa se aproximando, abri passagem, fucei na minha mochila procurando algo que pudesse comer para fazer a minha pressão subir.
Achei bem lá no fundo um bolinho da minha filha “Ana Maria sabor chocolate com cenoura”, devorei aquele bolo com lágrimas nos olhos 
Rapidamente minha pressão subiu, tratei de acelerar, já podia ouvir o locutor e a musica da arena. Entre eu e o meu objetivo, naquele momento só havia a travessia de um rio, pouco mais de 50 metros, me separavam para a glória. Acompanhantes ficavam do outro lado da margem, gritando e dando palavras de incentivo. Fiz a minha travessia explodindo de felicidade, completamente molhado, mas com o coração aquecido, olhos cheios de lágrimas.
Foram segundos de uma apoteose, esperado por meses, fui trotando devagarzinho, como se dissesse pro mundo, escuta? Já acabou? Quero mais 10km, mais  só de apoteose? Pode ser? Quero mais 10km só de aplausos? Pode ser? Quero mais 10km de lagrimas nos olhos? Pode ser? Quero pular 100 vezes, para mostrar ao mundo que sou FINISHER, pode ser? quero mostrar pro mundo, que sou um dos atletas do trail que se dedica e que AMA o que faz pode ser?.  

HUMILDADE, DEDICAÇÃO, FORÇA E FÉ!
HUMILDADE, DEDICAÇÃO, FORÇA E FÉ!

Só sei que na chegada, lá estavam muitos amigos, Cris que infelizmente foi cortada (a fera ficou enjaulada mas voltará mais forte e preparada), o Eijiro e a sua querida esposa Pri, (o Edinho meu irmão de anos), o Fernandinho e a Gi, o pessoal da assessoria TRB, o meu técnico Sinoca e em especial a minha esposa que me recebeu com um abraço que valeu como uma medalha olímpica.
Fiquei muito feliz com a Nãna que pode ser finisher nos 50k que, na verdade, viraram 54km dentro de um excelente tempo, cresceu como atleta, cresceu no seu preparo, fico muito orgulhoso da sua evolução e a sua chegada foi digna da chegada do Mont Blanc EMOÇÃO A FLOR DA PELE!!!!
Pensando que as emoções tinham terminado fomos avisados pela Estela que o seu querido e amado esposo Mini Cooper estava cruzando o rio para também ser finisher nos 80K. A emoção da sua chegada junto com a sua pequena Gabi (filha) foi algo que ele sonhou muito e que, teria realizado.
É isso galera ! se você conseguiu ler até aqui é porque o texto valeu a pena.
Abraços e bons treinos!!
Racionalmente temos:
LARGARAM: 400
CONCLUINTES: 99
COLOCAÇÃO:
GERAL: 27
MASCULINO: 21
CATEGORIA: 5
TEMPO: 12H29M:20S
O QUE FUNCIONOU:
Postos de controle
Segurança da prova
Comida
Hidratação
A dedicação da equipe TRC em conseguir deixar a prova de pé em tão pouco tempo depois do imprevisto que tiveram no acesso ao parque nacional do Itatiaia.

O QUE PODE MELHORAR:
Camiseta da prova bem decepcionante (uma marca que vende produtos de alto nível não pode por dar no kit uma camiseta tá ruim)
Marcação de Kms (diferença de mais de 7km)
Marcação da trilha (muita fitas que não refletiam a luz da lanterna e o tombo que levei foi por falta de marcação num lugar de alto risco)
Pódio para os 5 primeiros lugares em todas as categorias, estamos em festa, não falo por mim, falo por todos.

A descida do Capim Amarelo é uma das paisagens mais lindas de se percorrer que já vi, você corre por uma crista onde podemos ver a cidade de Lorena a nossa esquerda e a direita a cadeia de montanhas da região, realmente ficamos de queixo caído tamanha a beleza do lugar.

Fernando no Capim Amarelo!
Fernando no Capim Amarelo! Foto Wladimir Togumi!

Com variações de terreno, é possível desenvolver velocidade e técnica. Passei por alguns atletas e já no final da descida tinha chegado no Fernando e mais um atleta. Éramos um trio que se aproximava da arena para cumprirmos a primeira parte, olhei para o relógio novamente e o mesmo marcou 1 hora de descida. Ajudei rapidamente o Fernando com a sua mochila e dividimos um lanche (não vou falar qual rs mas amplamente testado nos treinos).
Ao chegarmos na arena, encho a minha mochila, minhas garrafinhas e partimos para a segunda perna, mais difícil e mais técnica. O Fernando tomou a frente, junto com um outro atleta. Seguimos firmes nos 3 ladeira acima, passamos por uma floresta de eucaliptos e não demorou demos de cara com o barro preto e escorregadio da subida do Tijuco Preto. Os passos eram firmes e ritmados, tentava não perder de vista os dois que iam na minha frente, não demorou muito um atleta passou nos três.
Na metade da subida passei pelo Fernando que sentiu um pouco o ritmo da prova perguntei se estava bem e o mesmo falou que tinha dado uma quebrada mais que estava bem. Na medida que o tempo foi passando, a inclinação aumentava, tinham lugares que só dava para passar com auxilio de cordas, eu usava a minha envergadura para transpor obstáculos,  os meus passos que eram ritmados, se tornavam mais lentos.
Em um certo momento comecei a ter um principio de câimbra, não tive dúvida, peguei um punhado de amendoim, castanhas e comecei a devorá-los e rapidamente aquele incomodo havia passado. Na subida eu me arrastava, parecia que estava correndo em câmera lenta, tamanha a inclinação.
O relógio marcava mais de 2000m de altitude quando derrepente, avistei um corte para a esquerda na trilha, avistei os dois atletas que haviam me passado um pouco na minha frente. Perguntei a um deles se a subida havia acabado e a resposta foi: “acho que não”. Gritei esquerda passei pelos dois e não demorou muito para descobrir que a descida havia começado.
Sabia que era a última parte da prova. Tratei de aumentar o meu nível de concentração e comecei a descer. Pelo menos para os meus padrões eu voava ladeira abaixo, passei por alguns atletas e procurava dar qualidade em cada passada, pondo os pés em pedras, barro ou simplesmente em lugares em que não sabia qual era o tipo de piso, pois o mesmo estava encoberto pelo capim. 
Faltava pouco mais de um quilometro, eu já conseguia ouvir a Fabi, locutora oficial do evento, animando a turma e narrando a chegada de cada atleta com muito entusiasmo. Olhei pro relógio e falei caramba, exorcizei o tempo do ano passado. Lembrava do meu mantra “Today no headlamp” .
Cruzei a linha de chega em 4h:36m, contra as 5h:59m do ano anterior, feliz e com sensação de missão cumprida. Sabia que tinha tomado as decisões corretas. Fiquei em primeiro lugar na categoria, o que me deixou muito emocionado.
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A partir dali, a minha missão era continuar mandando boas vibrações para a Nana, pro Fernando, Pedro Lutti, Edu, Giovanna, Karina, Togumi e outros amigos que estavam fazendo cada um a sua prova.

chegada emocionante da Nãna!! - foto Fabi !
chegada emocionante da Nãna!! – foto Fabi !

Todos terminaram bem, melhoraram as suas marcas e saíram felizes da arena.
e por fim … acho importante compartilhar!

Dicas preciosas ao amigos que pretendem correr o KTR:
1)      Tênis com um excelente grip (grip meia boca não rola) – vi muitos atletas, literalmente patinando nas subidas desperdiçando energia ao extremo (isto aconteceu comigo em 2014, foi um horror)

2)      Material de segurança obrigatório (anorak se chove, no mínimo um corta vento)

3)      Não esquecer de hidratar e de se alimentar pois quando a pressão cai nem guindaste levanta

4)      Seja gentil em todas as situações, quem ganha é você

Pontos Positivos:
1)      Trilha impecável limpa – parabéns para os atletas pelo menos o que iam na minha frente.

2)      Marcação da trilha perfeita

3)      Equipe de staff de parabéns, gentis e educados

Sugestões para os organizadores da KTR (quem sabe chega neles)

1)      DJ – o som podia ser um pouco mais diversificado

2)      No local da arena poderia ter uma estrutura de “comes e bebes” mais estruturada

3)      Vídeo Wall – passando imagens de provas aqui no Brasil e no Exterior

4)      Cadeiras para os familiares e porque não aquela linda fogueira que fizeram no ano passado

Ahhha imagem de destaque deste post remete ao lindo e querido casal da Fazenda Quilombo – Tia Dalva e Tio Youturbes – são “pé quente”!!! Fica aqui a minha homenagem!!

É isso pessoal…bons treinos e pau no cat!!!
abs
Cição

KTR é conhecida como uma das provas de montanha mais duras do Brasil. Mas, sem sombra de dúvidas, pode ser intitulada também como uma das mais bonitas. Em 2014, conquistei um honroso segundo lugar, na extinta categoria de duplas junto com o meu amigo Thiago “Mini Cooper”.
Neste ano eu não tinha a menor pretensão de fazer essa prova, pois não sabia se ela entraria na minha programação para o Desafio dos 80K das Agulhas Negras em maio. A única certeza que tinha era de que iria acompanhar a minha esposa na sua jornada pelo KTR 2015. Ano passado ela havia levado 10 horas para finalizar, tamanha dureza do desafio.
O tempo foi passando e a data da prova se aproximando, os amigos mais próximos me perguntavam se eu iria participar ou não. Acompanhava com atenção as notícias nas redes sociais de que o evento iria contar com os principais atletas de trail do país e até mesmo atletas do exterior.
Chegando no fim de semana anterior ao da prova, percebo que a minha planilha de treino me reservava um longão de 30K. Então, pensei comigo: “agora juntou a fome com a vontade de comer”. Sem perda de tempo pedi ajuda do sempre gentil, Tani da Kaylash, que permitiu que eu me inscrevesse.
Partimos para a cidade de Passa Quatro e fomos direto retirar o kit da prova no Hotel das Hortênsias. Guardada as devidas proporções, vi uma organização impecável, digno de um evento internacional. Já na entrada, os atletas passavam por um pórtico gigantesco com o nome da prova. Havia setores para retirada de número, retirada de camiseta, checagem dos equipamentos obrigatórios e tudo que uma grande prova nos reserva.
Na medida que o tempo ia passando, o que víamos era um enorme agito por parte dos atletas, amigos e caras conhecidas. Todos aguardavam pelas orientações do diretor técnico da prova, Rafael Campos.
Na manhã do dia seguinte acordamos cedo, tomamos uma café reforçado e seguimos para a largada dos 26km. Pegamos um pouco de trânsito na subida, o que fez com que chegássemos faltando poucos minutos para o ínicio da prova.
A arena estava tomada por atletas. Dava para sentir a energia que pairava sobre nós. Imagine estar um lugar lotado de competidores, cercado por montanhas , uma mata verde infinita e, de quebra, estar alinhado atrás do mais belo pórtico de largada que existe no Brasil. Enquanto aguardávamos a buzina para partir, desejei sorte ao Fernando e a minha esposa. Fooooooooooommmmmmmmmmmmmm!!! Foi dada a largada.

arena

Já tinha experiência suficiente para enfrentar as montanhas do Capim Amarelo com 2.526m e do Tijuco Preto com 2.256m, pois além da prova que havia feito, tive a oportunidade de ter treinado na região algumas vezes. Para se ter uma ideia da dificuldade da subida, seria quase a mesma coisa de correr em uma esteira com a inclinação constante acima de 10% por algumas horas.

Apesar de ter sido indagado de quanto tempo levaria para fazer a prova, estava com a estratégia na cabeça. Faria a primeira parte de maneira mais conservadora e a segunda apertaria o passo para aumentar o ritmo. A única certeza que tinha, era que se tomasse as decisões corretas durante toda a jornada, sairia melhor do que no ano anterior. O primeiro quilômetro foi uma pancadaria geral, todo mundo voando e eu ainda tentando encontrar o meu ritmo ao mesmo tempo que buscava me posicionar para evitar fila na subida.

Ainda no começo da prova!
Ainda no começo da prova. Coração saindo pela boca ao lado da fera Cynthia Terra! – Foto Wladimir Togumi.

A prova foi avançando e pelo meu relógio eu controlava o tempo de prova e a altimetria. Com essas informações eu saberia o quão distante estaria do ponto mais alto e o total de subidas e descidas restantes. Uso meu alerta mental de hora em hora para verificar se estou me hidratando, alimentando e tomando os suplementos necessários. Como havia chovido dois dias seguidos, o terreno estava escorregadio, as pedras lisas e em algumas partes havia cordas para que os corredores pudessem passar com segurança.
Pouco depois da metade da subida encontrei com o vegano, Pedro Lutti da Upfit. Ele não estava se sentindo bem, perguntei se precisava de algo, mas ele disse que dava para seguir. É protocolar, educado e faz parte dos modos da maioria dos ultramaratonistas ajudar o próximo. Espero que atitudes como essa nunca terminem.
Quando o relógio bateu 1h31, alcancei o cume do Capim Amarelo, dali em diante enfrentaria a primeira descida. Sabia que poderia desenvolver bem aquele trecho. No começo, peguei um trânsito por conta da trilha estar muito escorregadia e também pela falta de experiência de alguns atletas em enfrentar situações como aquela. Mas não podia reclamar, segurança sempre em primeiro lugar.

Já na descida do Capim Amarelo!
Já na descida do Capim Amarelo! Foto Wladimir Togumi!

Sinto-me realmente bem, penso que tenho que aproveitar o máximo do tempo até a Toca do Lobo. No meio do caminho dou de cara com um atleta super carismático. Aquele do vídeo “Brutoooo Demaissss”, “Bruuutooo Demaisss”. Imagine só, o cara estava a mais de 2000m, só para incentivar os atletas. Além de seus gritos “Bruto demais”, “Ninguém quer ser feio”, ele distribuía gomos de mexerica aos corredores. Pqp! Achei isso espetacular, um super exemplo de parceria e amor ao próximo.

Sigo minha jornada e o suor começa a descer pelo o meu rosto e me sinto bem demais para reduzir o ritmo….

Continua….no próximo post!!!

O penúltimo longão antes do Desafio das Agulhas Negras, foi pelo menos pra mim um divisor de águas. Perder este treino ou parar no meio estava totalmente fora de cogitação, digo isso pois não estava totalmente confiante na realização deste. A minha luta era decidir: a vitória ou a derrota? Ser um vencedor ou um fracassado? Muitas vezes me pego pensando, quantas vezes o meu cansaço destruiu as minhas pernas, me fez perder o meu senso de tomada de decisão ou simplesmente me fez querer parar. Para  vencer mais esta etapa de preparação para os 80k do Desafio das Agulhas Negras, não podia depender somente das minhas pernas, mas sim da força da minha mente.

Inicio do treino!
Inicio do treino!Aquecendo a carcaça!

 
Largamos logo pela manha, dávamos as nossas primeiras passadas, ao mesmo tempo em que olhava pro chão e via o tênis do Sinoca, um northface, cercado por S-Labs, ouvia os nossos passos que pareciam uma marcha constante e determinada de que iríamos enfrentar muitos kms pela frente.
Quando nos preparamos para grandes desafios, nós ultramaratonistas não podemos temer o vento, a chuva, o frio, o barro, a lama, o quanto você vai subir ou descer. Mas confesso que agradeci muito a Papai do Céu por nos ter brindado com uma manha de céu nublado e de temperatura bem amena.
Fatos pitorescos aconteceram neste treino, ainda nos primeiros kms vínhamos conversando uns com os outros, passávamos por uma espécie de aquecimento das nossas “carcaças”. Sinoca, que estava ao meu lado falava com muito entusiasmo do percurso que faríamos, quando derrepente num piscar de olhos, o mesmo sumiu. Olhei para trás incrédulo e todos nós ríamos do “tombasso“ que ele havia levado, todos pensavam justo o nosso Coach tomou um rola e logo no inicio do treino, qualquer um de nós pode ir para o mesmo caminho mais cedo ou mais tarde.

Coach já com o seu uniforme batizado!!
Coach já com o seu uniforme batizado!!

Não demorou muito e a trilha fez a sua segunda vitima, Cris a Anna Frost Brasileira, acabou escolhendo um lugar para pisar e afundou sua perna direita até o joelho no mais puro barro preto. Essa primeira perna, nem era bem um single track, mas o caminho deixado por motoqueiros e jipeiros enganavam bem nós ultramaratonistas. Um coisa que aprendi com o meu técnico, é preciso sempre ter os planos “b”,”c” e “d” pois o a todo momento estamos tomando decisões nas trilhas. Parecia mesmo que seria o dia dos tombos, momentos depois que fez a escolha errada de caminho foi o Thiago Mini Cooper, era barro para todos os lados, só escutei a frase “Baralho Velhoooo, da uma olhada nisso” não tínhamos completado nem 1 hora de treino e 3 dos 5 que faziam aquele longão já tinham caído.

Puro Barro! Anna Frist brasileira sujou o seu uniforme!
Puro Barro! Anna Frist brasileira sujou o seu uniforme!

Depois de uns 8kms terminamos essa trilha e entramos numa estrada de terra rumo a Represa de Cotia. Sinoca, eu e o Mini formávamos um bloco, eramos seguidos a poucos minutos pela Cris e na sequencia pelo Dadi. Como o Dadi voltava de um bom período sem treinar, ele foi orientando a voltar da represa pro carro, pois assim o seu volume seria adequado ao seu momento.

Beleza da Trilha em Cotia!
Beleza da Trilha em Cotia!

Comecei a sentir alguns incômodos na minha coxa esquerda e sempre quando isso acontece, procuro tomar as decisões rapidamente e pensar de forma positiva. Mantras positivos fazem parte da minha preparação, as vezes o cansaço não deixa que eu encontre os meus mantras, tem uma frase do técnico Bernadinho que eu gosto muito (acho que é dele) que diz mais ou menos o seguinte: “A arte de se preparar tem que ser maior do que vencer”, sou réu confesso, eu AMO treinar e desistir não estava no meu script. Quer me ver cabisbaixo, sem energia é ficar sem treinar ou não cumprir o treino por completo.

Represa Alto de Cotia
Represa Alto de Cotia

Os quilômetros avançaram, o relógio já marcava mais de 15km rodados e no final da estrada de terra, entramos num pequeno single track. Sinoca e o Mini abriram e os perdi de vista, mas não demorou muito e demos de cara com a imensidão da Represa Alto de Cotia.  Aquele era a hora de dar um até logo ao Dadi que voltaria pela estrada até a nossa base.

Tamanha Felicidade que não cabia em si!
Tamanha Felicidade que não cabia em si!

A meta a partir dali era contornar a represa rumo a outra margem sentido ao “Verde 2”. Conforme o tempo ia passando o terreno ficava mais técnico, mais difícil de correr. Por vários momentos me lembrei do Cruce de Los Andes de 2012, no ano que a programação de um dos dias apontava 40km e nos final desta distância tínhamos que contornar um lago imenso por mais 5km, atravessando pedras, por vezes entrando no lago com agua até o peito. Por um curtíssimo espaço de tempo, fizemos uma reunião para ver se continuávamos ou se voltávamos. Desta vez o Mini Cooper, falou em alto e bom som: “Vamos fazer essa P….com perrengue”  Cerca de 2 ou 3km foram suficientes para consumir uns 50 minutos de tão técnico que era o terreno. Atravessamos com água na cintura, passamos por encostas com pedras pontiagudas, lisas e terrenos encharcados.

beleza pura!
beleza pura!

A partir dali entramos em um novo e lindo single track, me chamava atenção a quantidade de formigas na trilha, parecia que alguém havia destruído algum formigueiro tamanha a quantidade. No final deste single, chegamos na linha do trem que liga São Paulo a Cubatão, foram mais 1,5km correndo por cima de dormentes , até chegarmos no verde 2 cerca de 15kms de single track com estrada de terra. Todos nós estávamos fortes, nos revezávamos na liderança do grupo, geralmente o Sinoca e o Mini puxavam o trio, dávamos uma segurada no ritmo nas bifurcações afim de esperávamos a Cris que detalhe (estava muito bem focada). Por um momento só eu puxei o ritmo um pouco mais forte, e eles como são meus amigos me deram uma força dizendo que eu estava com o Opalão 6 canecos voando.

Mini andando na linha!
Mini andando na linha!

Comíamos e hidratávamos de acordo com a evolução do treino. Desta não só a minha estratégia de hidratação como a de todos deu muito certo. Na noite anterior congelei cerca de 1 litro de água na minha backpag e no dia seguinte completei os 500ml faltantes com água natural, resultado passei o treino interior bebendo água gelada, isso para um treino de longa duração venhamos e convenhamos é um LUXO. Com duas garrafinhas, uma com coca cola e outra com isotônico o meu corpo respondeu muito bem.

Alegria estampada depois de mais uma missão cumprida!!
Alegria estampada depois de mais uma missão cumprida!!

Terminamos o treino com uma felicidade extrema de missão cumprida.
 
É isso pessoal!!
 
Bons treinos!!
 
 
 
 
 
 

A primeira prova do ano até que demorou para acontecer. O Desafio dos Romeiros aconteceu no município de Bom Jesus de Pirapora, cidade conhecida pelo turismo religioso, fica bem pertinho de São Paulo e tem ao seu redor uma topografia excelente para a prática de esportes outdoor. A largada acontece em frente a igreja matriz bem no centro da cidade e os corredores geralmente recebem a benção do padre da cidade.

Locutora Fabi e o Pórtico de Largada!
Locutora Fabi e o Pórtico de Largada!

Dias antes da prova, fui convidado para dar uma entrevista na rádio eldorado, no programa “Papo de Líder” comandado pelo professor Eugenio Mussak. A entrevista teve como mote, traçar um paralelo entre a minha vida executiva com a vida esportiva, mesmo sendo um programa de rádio, o mesmo possui um formato inovador, pois a produção tinha como meta capturar algumas imagens minha sem o terno e sem a gravata. Por esse motivo, no dia da prova tive a companhia de um dos integrantes da produção, confesso que fiquei meio sem graça, mas por um outro lado, assim como fui incentivado por amigos a começar a correr, caso a minha história conseguisse fazer com que ao menos uma pessoa passasse a cuidar da sua saúde pra mim a missão estará cumprida.
Site da rádio Estadão: http://int.territorioeldorado.limao.com.br/eldorado/audios!getAudios.action?idPrograma=183
Voltando a prova!!
Além dos amigos Fernando, Thiago, Edinho, partimos eu a Nãna e o produtor Nicholas, cedinho para cidade de Pirapora. O clima estava perfeito para correr, céu nublado, meio friozinho, enfim ingredientes perfeitos para a prática de corrida de montanha. Vale ressaltar que muitos corredores, tantos os mais experientes, quanto os mais novos, adoram fazer essa prova não somente pelas distâncias de 10K e 21K, como também pelo percurso que é dosado de boas subidas e descidas com vários perfis de trilhas, algumas bem técnicas.
descida do morro
Romeiros é uma prova onde você pode reencontrar grandes amigos e também dar de cara com muitos dos “canelas finas” (aqueles corredores que correm muito, normalmente com os calcanhares grudados nos glúteos rs) um dos motivos pode ser o fato de ser uma das poucas provas de montanha no Brasil que tem premiação em dinheiro.

Você percebe que uma prova tem tudo para dar certo, quando você repara os cuidados com os detalhes. 

Desta vez tudo caminhava para termos uma prova perfeita e alguns pontos positivos me levavam a pensar assim:

  • Tínhamos ali 02 dos melhores fotógrafos do Brasil – o Tião “a experiência e agilidade” e o Wladimir Togumi “Mestre dos Magos” da fotografia, profissional que aparece nos pontos mais inusitados durante o percurso e consegue captar a essência do que é uma prova de montanha.
  • A locutora oficial do evento é além de tudo fotografa e animadora, conhecida por “Fabi” ela trata a todos  com gentileza e delicadeza.
  • Tínhamos câmeras e até Drones para cobertura da prova.
  • Outro fator que serviu de grande incentivo foi que, ao contrário do último ano, a prova largaria exatamente no horário, o que para nós corredores habituados a pontualidade britânica, faz uma diferença enorme.
  • A direção separou os horários de largada entre por distâncias. 

Ouvimos as últimas orientações da direção da prova quando pontualmente as 8:30am a buzina tocou a cavalaria partiu. Logo de cara, enfrentamos a primeira subida de asfalto, a prova fez com que os corredores se distribuíssem em 3 blocos. Havia uma harmonia no primeiro pelotão digno de nota 10, formado por uns 10 canelas finas, a se destacar o Ernani, atleta patrocinado pela Kaylash e campeão do Cruce de Los Andes e o meu amigo Thiago “Mini Cooper”. Logo atrás, um segundo bloco havia sido montado de pelo menos mais uns 15 atletas, que era liderado pelo Fernando Assumpção. Esse pelotão tinha uma pegada forte, além de mim, as primeiras mulheres já se destacavam, tanto a Josefa atleta da 4any1 quanto a Cylene atleta Núcleo Aventura.
Tão logo o asfalto terminou bem como a primeira subidinha, o chão passou a ter o aspecto que nós corredores de montanha adoramos ou seja, esburacado, escorregadio e desnivelado. No km 4, começamos a enfrentar a primeira subida rumo ao Morro Voturuna, ladeira acima. Éramos naquele momento um grupo de 4 corredores, ao mesmo tempo que sentia o meu coração querer saltar pela boca, ouvia a respiração dos demais atletas que mais parecia um coral tamanho o sincronismo. Afim de alcançarmos o cume do Morro o quanto antes, fazíamos força, empurrávamos os nossos pés com força contra o chão, afim de extrair o máximo de impulsão possível. No final da primeira ascensão éramos eu, um outro corredor de nome Giovanne (alto, careca), um senhor que mais parecia uma “gazela “ de tão rápido que conseguia desenvolver a sua corrida.

Indo para quase metade da prova, alcancei o Paulo da Assessoria Paulo Santos e disse: Paulão olha só esse visual e veja como somos abençoados de poder correr num lugar tão belo quanto esse.

Ele concordou comigo, via em seus olhos que a emoção tomava conta dele. Também pudera, era a primeira vez que ele vivenciava aquele tipo de prova, sem a pegada do asfalto. Alem de fazer a sua primeira corrida de montanha, o Paulo Santos, trouxe seus alunos e também o seu pai o Sr. Mário que além de ser um atleta de ponta é um grande exemplo de disciplina e dedicação.
Toda a parte do alta do morro o Paulo correu junto comigo. Um pouco antes de começarmos a descer disse a ele: “Paulão agora é preciso cuidado, pois a descida é bem técnica” ele me agradeceu e eu comecei a “despinguelar” ladeira abaixo. Conseguia ver o Fernando no meio da descida e aos poucos fui me aproximando. Me divertia, ao mesmo tempo que estava completamente focado nas minhas passadas para que elas não me traíssem. No final da descida, tínhamos que fazer um bate e volta em mais um morrinho e dali dava para ver exatamente as diferenças entre os corredores.
No final da descida, me deparei com um staff que me orientou a seguir por uma trilha recém aberta. Tinha me lembrado das palavras da diretora da prova que no percurso dos 21km passar[íamos por um lugar com essas características mesmo assim fiquei na dúvida pois haviam corredores dos 10km perdidos naquela parte inclinada, escorregadia, além das crianças que estava fazendo a prova do trail kids. Cá entre nós achei aquilo um absurdo, pensei com os meus botões: como pode a organização colocar provas distintas e as crianças no mesmo percurso?
 

Fernando voando baixo para finalizar abaixo de 02 horas de prova
Fernando voando baixo para finalizar abaixo de 02 horas de prova

Tratei de focar na prova, e assim o últimos kms foram sendo finalizados, pude ver o pórtico e o que me veio foi um semblante de felicidade por ter feito uma prova limpa, sem dores onde eu pude me divertir muito

 Amarradao!!
Aos os organizadores fica a dica de cuidarem melhor dos seus clientes “corredores de montanha”. Erros básicos que precisam ser corrigidos e ajustes finos que são bem vindos por nós. Que gostaria de compartilhar:
1)      Sinalização por placas: tudo bem termos staff, mas as placas funcionam bem melhor;
2)      Premiação por categoria seria bem legal; isso incentivaria a participação de mais pessoas e não só dos profissionais vivem das corridas;
3)      Uma barraca com frutas na chegada seria elegante, além de demonstração de carinho para com atletas que não tem assessoria;
4)      Evitar de colocar num single track crianças junto com adultos.
É isso…ahh antes que eu me esqueça…
É isso… ah! antes que eu me esqueça: essa prova é linda e tenho certeza de que os organizadores, pois essa prova é linda e tenho certeza de que os organizadores irão corrigir os erros. Pois até a Nãna sentiu o peso da desorganização ao ser orientada a seguir por um caminho erroneamente por um fiscal, o preço disso? 3 kms a menos de prova, além de um possível pódio.
nana
Tive a experiência de carregar um G.P.S pela primeira vez e compartilho o  link com vocês. http://www.adventuremag.com.br/gpstrack/voltadosromeiros2015/ – Notem que eu não saí da trilha, mas infelizmente alguns atletas saíram do percurso talvez devido a dificuldade de sinalização.
Fechei a prova para 02 horas, 14 lugar no geral e muito feliz por ter dado tudo certo.
Abraços e bons treinos
Cição “pau no cat”
Instagram: cicao_paunocat

Oi pessoal, nem bem tinha terminado de apreciar a mais recente travessia que foi lá no Marins-Itagaré, lá fui eu para mais um desafio. Tratava-se da Travessia: Toca do Lobo – Capim Amarelo – Pedra da Mina (2.724m) – Paiolinho. Já estava meio que programado para uma turma grande de amigos ir, mas devido a inúmeros compromissos, muitos amigos acabaram não podendo comparecer. Os heróis da resistência acabaram sendo, o meu Coach Sinoca, Fernandinho “o meu anjo da guarda no ktr rs” e as mulheres, Nana e a Gi esposa do Fernando.
Elas decidiram que fariam um ataque ao Capim Amarelo e voltariam para a Toca do Lobo, enquanto nós faríamos a travessia. Pelo menos para mim, o negócio funciona mais ou menos assim, quanto menor o grupo, mais intenso é o ritmo. Vou tentar compartilhar com os amigos leitores deste post, as emoções que vivi durante essa nossa jornada.
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A minha experiência naquela região, vinha da prova que havia feito no KTR junto com o Mini Cooper ano passado onde percorremos o Capim Amarelo e o Tijuco Preto. A partir desta experiência já imaginava que o treino seria lindo, técnico e bem duro.

Ja prevendo que o dia seria intenso, com o pé no acelerador. Eu, Sinoca e Fernandinho!
Ja prevendo que o dia seria intenso, com o pé no acelerador. Eu, Sinoca e Fernandinho!

Saímos da Toca do Lobo rumo ao Capim Amarelo, tão logo atravessamos um rio com água em abundância, de cara encaramos uma subida íngreme de mata fechada. Fazia um dia belíssimo de céu azul e tão logo a mata densa ficou pra trás, conseguíamos avistar aquela belíssima cadeia de montanhas da Mantiqueira.

Inicio da Trilha - Lugarzinho mais ou menos!! rs
Inicio da Trilha – Lugarzinho mais ou menos!! rs

O Sinoca seguia a frente do grupo, a imagem de nós três correndo no alto daquela montanha me fazia pensar nas imagens que tinha do Mont Blanc, como as nossas montanhas são belas e imponentes. Aproveitamos para nos abastecer de agua no topo do capim amarelo e partimos montanha acima rumo a Pedra da Mina, a  4ª. Montanha mais alta do Brasil com 2.750m, confesso que aprendi muito com os meus parceiros a arte de subir bem, fazendo a leitura correta do terreno, prestando atenção em seus movimentos, onde colocar os pés, onde apoiar mãos e pernas no intuito de fazer com que o corpo flua melhor.

Olha que visual mais louco! Photo: Sinoca
Olha que visual mais louco! Photo: Sinoca

Depois de 4h:22m alcançamos o Pico, para variar deixei a minha emoção aflorar. Foi numa montanha correndo uma prova que joguei as cinzas do meu velho pai Seu Raimundo e ele se fazia presente naquele momento.

Ao pararmos para comer, vi algo inédito que até então não fazia ideia que existia, ali no topo da montanha havia uma maleta de metal e dentro dela havia alguns alimentos deixados por outros amantes da natureza e um caderno com anotações das pessoas que por ali já haviam passado. Achei o máximo aquilo e descarreguei um turbilhão de palavras registrando assim a nossa passagem por um dos lugares mais lindos deste País.

cruzamos mais um belíssimo lugar!
cruzamos mais um belíssimo lugar!

O tempo continuava aberto, belo e sem nuvens, o calor castigava, o cansaço começava a dar o ar da sua graça, a subida que fizera até ali, tinha castigado por demais as minhas pernas. Tinha a real noção que a última etapa seria mais difícil que a subida. A descida até o Paiolinho era formada basicamente por trilhas fechadas e pedras muitas pedras de todos os tipos e de todos os tamanhos. Ter um momento de tranquilidade na condução naquela descida era praticamente impossível, por um momento me lembrei do TDS e do seu alto nível técnico. O tempo inteiro, tinha de ficar concentrado para que não cair, pois um tombo que naquela altura do campeonato, acabaria me machucando com certeza.

Fim de mais uma subida!!
Fim de mais uma subida!!

O tempo foi passando e a infinita descida finalmente teve fim, tivemos tempo ainda de percorrer poucos quilômetros dentro de uma fazenda. O meu psicológico parou de funcionar tão logo o meu Coach falou, parabéns fim do nosso treino concluímos a travessia. Olhei pro relógio:  7h:04m, 22kms e 4.560 metros de descidas e subidas lá estavam os 3 guerreiros com os semblantes de missão cumprida, nos abraçamos e nos demos os parabéns!!!

E as mulheres? Sim! Elas terminaram em 3h:55m o ataque ao capim amarelo e terminaram felizes da vida também.
E a nossa recuperação foi assim, como todo apoio da Fazenda Quilombo.

Cachoeira com água gelada para recuperar!
Cachoeira com água gelada para recuperar!

 
É isso amigos!! Duas travessias em duas semanas!! Emoção a flor da pele!!
Bons treinos a todos e Pau no Cat!!!
Abs
Cição

 

Fazia muito tempo que não escrevia. Andava meio desanimado com o teclado, mas ao mesmo tempo, fervilhavam ideias na minha cabeça. A palavra travessia” percorreu a minha mente durante os meus treinos nas últimas duas semanas, por isso inicio este post com um poema do Fernando Pessoa:

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. – Fernando Pessoa

Tive a honra de ter sido convidado para fazer a Travessia Marins – Itagaré – Marins. Pernoitamos na casa do querido amigo L.M e logo bem cedinho, ao lado do Thiago “Mini Cooper”, Evandro “Chico Bento” e do nosso Coach Marcelo Sinoca, fomos de carro até o estacionamento do Miltão, no “pé” do Pico dos Marins. Era a minha terceira vez naquela região, pois já tinha feito um ataque ao cume do Pico dos Marins e feito essa mesma travessia, mas iniciando no Marins e indo até Itagaré.
Desta vez seria diferente por várias razões: estávamos em menor número, faríamos o caminho contrário e o tempo que começou claro e bonito ficaria nublado e chuvoso na segunda parte do treino. Decidimos que faríamos a primeira parte por estradas de terra , cerca de 16km até a base em Itagaré e depois seguiríamos pelas montanhas.
Logo após a largada, brincávamos uns com os outros, pois até aquele momento ninguém tinha ido no banheiro (e você, amigo que corre, sabe muito bem a diferença de correr pós a passadinha no banheiro, tudo fica mais leve, rs). Durante o percurso admirávamos a beleza da cadeia de montanhas à nossa direita e as fazendas e sítios na nossa canhota. No km 5 o primeiro a ser pego pelo “number 2” foi o nosso técnico Sinoca. Rápido como um “rastiro” de pólvora, ele encontrou uma moitinha e tratou de fazer o seu regime. Acabou acelerando o processo pois teve a visita de um porco do mato o que o fez ir do susto ao um monte de gargalhadas. Não demorou nem 2km e o Evandro “Chico Bento” sumiu da estrada. Ele também foi pego pela necessidade de ir ao banheiro. Ele demorou mais que a encomenda rs. Enquanto aguardávamos, registrávamos a beleza do lugar e perguntávamos se ele não queria um jornal ou uma revista para ler tamanha era a sua demora rs.

Todos com cara de aliviados rs Por que Será? ;)
Todos com cara de aliviados. Por que será? 😉

Depois do momento “aliviar é preciso”, demos continuidade rumo a Itagaré, o ritmo que mantínhamos era ligeiramente forte, fechamos os primeiros 16km em 1h:40m. Chegamos a base e sabíamos que era o último ponto com água em abundância, tínhamos que nos abastecer. A partir dali, começaríamos a etapa mais dura e divertida da nossa jornada. Seguíamos na trilha de mata fechada e não demorou muito para encararmos uma subida bem íngreme com cerca de uns 3km. O céu que estava azul, ao final da subida já estava completamente tomado por nuvens. Dependíamos muito da experiência do Sinoca e do apoio do L.M, pois o nosso campo de visão foi reduzido drasticamente.

Alguns dos obstáculos que enfrentamos!
Alguns dos obstáculos que enfrentamos!

Nos mantínhamos concentrados, sem deixar o bom humor de lado. Enfrentamos trilhas com pedras, raízes, mato bem fechado e com aquele capim amarelo, que pra mim, na verdade, é um capim “lazarento” pois, corta a sua pele com enorme facilidade.

Cabe agora destacar alguns momentos que nos chamaram a atenção:

Momento 1: Foi uma subida que tivemos que usar nossas cordas devida a parede de pedras que enfrentamos.
Momento 2: Pedra Redonda, uma beleza natural. Quando chegamos na metade do caminho a encontramos! Imagine uma pedra gigante sobre uma outra pedra de mesma grandeza, parece que a mão de Deus colocou-a ali para embelezar ainda mais a região.
Momento 3: Passamos por um lugar que ficava entre a encosta de um paredão e um precipício, era coisa de uns 4 metros, o suficiente para gerar um clima de tensão.

Só a mão de Deus para colocar uma pedra apoiada sobre a outra!
Só a mão de Deus para criar uma obra de arte como essa!

Depois de horas de travessia, faltava uns 3km para o fim da nossa jornada. Fomos pegos por uma forte chuva de granizo e por isso, tratamos de acelerar. Chegamos ao morro do Careca somente com alguns arranhões e sem nenhum tombo contabilizado. Pensava com os meus “botões” que tudo estava praticamente finalizado e já me imaginava comendo aquele pãozinho de queijo da Vó do L.M. Resultado: levei em menos de 1 km, dois tombos daqueles de ficar com as pernas pro alto, como há muito tempo não levava. E para completar o pacote ainda tasquei a cabeça num tronco. Se não fosse filho de cearense cabeça chata, teria ficado por ali mesmo, estendido no chão. Ser da terrinha tem as suas vantagens rsrsrs..
Vídeo do momento mais tenso durante a travessia!

Depois de 8h:09m, 32km e mais de 4.300m entre subidas e descidas, chegamos cansados e exaustos ao nosso ponto de partida, mas com a sensação de missão cumprida. A última vez que tinha feito essa travessia, havia levado mais de 10 horas, o que eu considerava um bom tempo. Por isso, estava muito feliz com a realização de hoje.

Fomos recebidos na casa do L.M com aquele delicioso pãozinho de queijo da Vó, um “cafezin” passado na hora e um lindo e delicioso bolo. Ficamos proseando por horas. A noite fomos a um restaurante simples e de excelente bom gosto, onde recuperamos as nossas forças com um belo caldinho de feijão com mandioca, regado a um bom Rosé da Provence porque, afinal de contas, ninguém é de ferro rs.

Esse pãozinho de queijo foi um carinho para alma!!
Esse pãozinho de queijo foi um carinho para alma!!

Dicas para a prova:

  1. Nunca enfrente uma trilha deste tipo se não tiver acompanhado por alguém muito experiente.
  2. Estude o percurso.
  3. Leve comida, água e um kit de primeiro socorros na sua mochila.
  4. Avise aos amigos e familiares o que irá fazer, onde irá correr e leve celular.
  5. Use o equipamento correto, não despreze o clima na montanha.

É isso…
Próxima travessia que irei contar será Toca do Lobo – Paiolinho.
Abraços, bons treinos e pau no cat!!

Cição

Decidi fazer essa prova muito incentivado pelo meu amigo Fernandinho (que foi o meu anjo da guarda no ktr). Sabe aquele momento em que você é um apaixonado por um esporte e não pensa duas vezes em aceitar um convite desse. Recusar? Pensei…seria um sacrilégio! Seria a mesma coisa que um peladeiro recusar bater uma bolinha no final de semana, ou a de um baladeiro deixar de ir a uma discoteca (nossa discoteca? Gsuis teclei isso e não vou mudar rs).

Ter a cia deles é certeza de diversão e alegria!!
Ter a cia deles é certeza de diversão e alegria!!

 
 
Outra coisa que me empolgou foi que ao meu redor eu teria a companhia de amigos queridos, da minha esposa e de carinhas conhecidas no munto do trail brasileiro ao todos eram mais de 700 inscritos.
Saímos de casa na madruga do dia 22/11 e partimos em direção a Fazenda Guaxinduva na Serra do Japi. Essa prova contemplava distâncias de 5K, 10K, 21K. Optei por correr os 21K, que tinha 1.300 de desnível acumulado. Ao chegarmos na arena de largada dei de cara com vários rostos conhecidos. Ivan Pires um galêgo canela fina que vive e treina em Campos do Jordão, Jose Virginio o rei das montanhas, Edicarlos motoboy e um dos melhores brasileiros no K42 da Patagônia, Emerson Bisan o rei das maratonas e um batalhador na luta contra o diabetes, já no universo feminino acabei encontrando a querida Tomiko uma verdadeira samurai das montanhas, uma guerreira que não tem medo algum de qualquer tipo de desafio, a Ligia atleta da JVM entre outras tantas que estavam por lá além da Naomi uma acupunturista de mão cheia que já salvou a vida de muitos atletas.
Às 9:05 alinhamos para a largada eu, Nana, Edinho, e o Mini Cooper. Analisando a distância e os postos de hidratação, decidi largar com pouca agua e apenas um squeeze com gatorade. Dei boa sorte a todos e largamos. Logo nos primeiros metros tentei encontrar um ritmo confortável que procurasse não abusar das minhas pernas, pois não vinha treinando para nenhuma prova em especial. Percebi que apesar do templo nublado, não ventava, estava quente e úmido demais. Tinha a sensação que estava correndo numa sauna e com menos de 1h:30m de prova eu já havia consumido 02 dos 03 géis que havia levado e toda a minha água e olha que eu só tinha girado uns 11km.
Numa das subidas insanas o silêncio tomou conta dos atletas e dentro de um perímetro de 1km estávamos todos praticamente juntos: Tubarão, super ultramaratonista corredor casca grossa, conhecedor nato de uma boa nutrição, o engraçado é que se você não conhece o Tubarão e o vê-lo pela rua, terá a nítida percepção que deu de cara com um lutador de MMA tamanho é o porte dele, o Calabria corredor da D-Run, corredor de olhar felino, que ao percorrer as trilhas, corre como se fosse uma onça movendo-se rápidamente atrás da sua presa, a Vivian Pavão, corredora esguia, alta e altamente focada, que tem uma beleza nas suas passadas, como a de uma modelo desfilando numa passarela e por fim tinha o Fernando imprimindo um ritmo alucinado.

Eu sofrendo e o meu amigo Fernando sorrindo - A vida é assim rs!!
Eu sofrendo e o meu amigo Fernando sorrindo – A vida é assim rs!!

O percurso dessa prova foi muito bonito e ao mesmo tempo bem técnico, formado por trilhas estreitas, belas subidas e descidas com graus de inclinação que ultrapassavam os 17%. Cordas foram colocadas afim de auxiliar os atletas menos experientes e as raízes e os tocos de árvores estavam lá para dar um pouco mais de tempero na prova.  Na medida que os kms iam avançando, abri um pouco de alguns atletas muito por causa da minha facilidade nas descidas, acabei encostando e passando por alguns atletas que haviam me passado nas subidas.

Pessoal utilizando de cordas de apoio nas descidas!!
Pessoal utilizando de cordas de apoio nas descidas!!

Os postos que estavam no caminho funcionaram perfeitamente, senão me falhe a memória havia uma ambulância estrategicamente colocada no km 13 diferencial que garante a segurança dos atletas. No final de uma dessas descidas insanas, encontrei o Mini Cooper caminhando, obvio que fiquei espantado e perguntei se precisava de algo e ele disse-me: “estou com uma p…dor nas pernas” ao mesmo tempo que citei algumas palavras de apoio, peguei um advil e dei pra ele. Foi ele tomar e dali uns minutos lá estava ele ao meu lado.

Olhava o relógio e o mesmo apontava 1h40m, lembrei que ao ler o regulamento da prova, o mesmo dizia que o primeiro colocado terminaria em 1h:40, o que me fez lembrar disso? pensei comigo k c t!!! essa prova está diferente do que imaginava, cá estou ainda no km 15? Afff Gsuis paciência! Tratei de achar um som que desse um UP e som encontrado foi Ballons do Filme Summits of my Life.

Paula Narvaez que resolveu dar uma corridinha no sabadão !!!
Paula Narvaez que resolveu dar uma corridinha no sabadão – encarando as subidas com leveza ao lado de sua amiga Gabi Mansur!!

Os kms foram passando e comecei a escutar o som que vinha da arena, já no km17 numa estrada de terra que passava bem pertinho do pórtico de chegada (organização nunca faça isso com os atletas, isso é muito chato passar perto da chegada e ao mesmo tempo ainda ter kms pela frente) havia uma indicação que orientava os atletas a entrarem numa área de mata mais fechada. Ali ultrapassei alguns atletas de outras distâncias, e não demorou muito para sermos brindados com a parte mais linda da prova. Corremos dentro de um rio que no seu final dava numa linda cachoeira.
Saímos dali faltando apenas 1k, isso mesmo, encontrei um staff que me disse: “vai que “tá” acabando, te dou um chocolate se pegar aquele corredor lá na frente”…naquela altura pensei comigo…não estou com vontade de comer p…nenhuma de chocolate, quero mais tomar uma Stella, que estava estrategicamente acomodada no cooler dentro do porta-malas do meu carro rs e óbvio que não tinha mais forças nas pernas rs.
Ainda deu tempo de encontrar a Samantha colega entusiasta das provas de montanhas, que me deu um apoio gritando palavras de incentivo e tirando algumas fotos. Avistei o pórtico com a alegria e a certeza que me diverti demais. E o “grand finale” foi ver os meus amigos que fizeram distâncias menores e a minha esposa gritando o meu nome.
Cruzei a linha de chegada em 2h:45m com um sorriso imenso no rosto. Fui o 24 mais rápido no geral e 5 na minha categoria. O primeiro colocado passou para 2h:02m, e o Virgílio, o nosso rei das montanhas cruzou a linha em 4 cruzando a linha em 2h14m. O Fernadinho fechou em 38 no geral e o Mini mesmo com uma pequena avaria foi 28 no geral e 5 na sua categoria.
A Nana finalizou em 4 na sua categoria nos 10K e por 20″s não subiu no pódio rs além eh claro que o meu querido amigo Edinho ter sido 5 na sua categoria e 38 no geral.

Edinho, Samantha, Adrien, Eu, Giovanna!!
Edinho, Samantha, Adrien, Eu, Giovanna!!

É isso aeee galera !Bons treinos e pau no cat!!! Agora é pensar no calendário de 2015!!!
E ai? Já pensou que prova lhe inspira? compartilha aqui com a gente? Qual distância?
Cição
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Muitas pessoas me perguntam o porque eu corro montanhas!!
 

 

Fui convidado pela internet para fazer essa maratona, um tempinho antes de ir para o Mont Blanc e desde o primeiro momento  disse sim. Tratava-se do aniversário de 40 anos do Gui Pádua, um cara gente fina pelo qual só tinha escutado falar pela televisão e pelas redes sociais. Para os amigos terem ideia de quem é esse meu amigo, agora quarentão, além de ser ultramaratonista, ele foi campeão mudial de skysurf, recordista latino americano de permanência em queda livre mai de 3 minutos, entre outras façanhas.
Para me acompanhar nessa viagem, convidei dois amigos para correrem essa prova na categoria dupla: o Daniel e o Thiago Mini Cooper ambos já citados nos meus posts. Foram prudentes na escolha, haja vista que ambos estavam voltando aos treinos. Saímos de SP e partimos rumo a Cassia em Minas, rodamos por 400km até chegarmos ao nosso hotel.
A sensação de sair de uma cidade grande e ficar uma cidadezinha onde as pessoas colocam suas cadeiras do lado de fora de suas casas e ficam proseando, me deu uma sensação de tranquilidade e de que ali as horas passavam bem devagarinho.
Amigos apaixonados por corrida de montanha!!
Amigos apaixonados por corrida de montanha!!
Ficamos num hotel situado bem numa pracinha onde dava para escutar os fiéis cantando ao final de uma missa que estava sendo celebrada na igreja. Largamos as nossas coisas nos quartos e lá fomos nós para a pracinha, afim de comermos algo e obviamente tomar um vinho branco bem gelado.
Coisas simples que guardamos em nossas memórias. Era naquele lugar em que as coisas aconteciam na cidade de Cassia. As crianças brincavam de um lado pro outro, os jovens passavam de mãos dadas para namorarem e alguns bares colocavam suas mesas do lado de fora, para que as pessoas pudessem tomar a sua “loirinha bem gelada” e jogar conversa fora rs.
O dia “D” ou melhor o dia “C” de Calor Insano havia chegado.
A prova largava às 9 da manha e isso me deixava com uma “pulga” atrás da orelha, fiquei pensando com os meus botões “vai fazer um sol e um calor africano”. Partimos em comboio até a fazenda do Gui Pádua e para variar o GPS nos traiu por duas vezes, fazendo com que nós tivéssemos os nossos momentos de um puro rally pelas estradas de barro até que chegássemos a fazenda do Gui Pádua.
Som bombando e logo de cara encontro a Cinthia Terra, uma das principais corredoras de montanha do nosso País e não demorou muito dei de cara com a Fernanda Maciel uma das corredoras mais “casca grossa” do Planeta, admirada e respeitada em todo mundo. Entre as façanhas de Maciel, ela simplesmente correu o caminho de Santiago de Compostela (cerca de 800km), foi 4º lugar no UTMB deste ano e vice campeã mundial de corridas de montanha.
Fernanda Maciel uma das corredoras mais fortes do planeta!
Fernanda Maciel uma das corredoras mais fortes do planeta!
No alinhamento da largada eu olhava pros lados e só via os “chassi de grillo”, ou seja, corredores no melhor estilo queniano. Tão logo a buzina tocou, de cara os “canelas fina” dispararam e eu fiquei no segundo pelotão que era liderado pela Fernanda Maciel, pegamos um single track onde a sequencia eram de atletas conhecidos: Daniel da Trail Runners Brasil, Cesar do Núcleo Aventura, Eu e a Cintia Terra da D-Run.
Bom galera, ao final do km4 me aproximei da Fernanda  e a partir dali fui observando os seus movimentos, as suas passadas, a sua hidratação e por fim como ela conduzia a sua corrida. Particularmente foi um aprendizado riquíssimo, tudo isso durou até o 10km, pois dali em diante, com o sol fritando as nossas cabeças pensei comigo, se for continuar no ritmo dela não terminarei essa prova. Não demorou muito a Cinthia também me passou além do Seu Cássio corredor “roots” de Pratapolis que antes de correr os 42km, ele havia pedalado 50km até o pórtico de largada, detalhe: a bike não era nenhuma Specialized, era o melhor estilo “barra forte” quem tem mais 30 anos de idade sabe bem do que estou falando.
Antes de chegar na metade da prova estava com a sensação de que não daria para continuar, o dia estava lindo o meu setlist colaborava comigo, mas o sol africano não dava trégua e por muitos momentos sequer ventava.  Ao chegar no km21 encontrei as meninas se hidratando e pensei: continuo ou não. O Daniel e o Mini Cooper, me deram um super incentivo para que eu seguisse em frente. Pensei com os meus botões “Putz estou com bolhas nos pés, o calor que só aumentava e Cição, você nunca desistiu de uma prova, será que chegou o momento? Nessas horas a gente descobre o poder que a nossa mente tem, pensei na minha família e no meu pai (para variar o velho estava lá comigo) e decidi quer saber??? vou continuar e curtir.
Lembra daquela expressão: "um sol para cada um" sim ela existe!
Lembra daquela expressão: “um sol para cada um” sim ela existe!
Olhei para a minha mochila, vi o quanto eu tinha de comida e tive ajuda da Maciel para encher a minha camel momento especial cá entre nós receber ajuda e o incentivo de uma das melhores corredoras do mundo por si só é demais, fechei a mochila e dei sequencia na minha prova.
Sozinho enfrentei inúmeras subidas e descidas e de vez em quando dava uma olhadinha para trás para ver se vinha alguém. Corri no meio dos cafezais, entramos numa cidadezinha de Pratópolis e acredite até o prefeito estava ajudando na hidratação dos atletas, corremos por uma linha férrea desativada sinistra (não passaria ali de noite nem com 4 headlamps NAO rs), e assim os kms foram passando.
Cheguei no km 40 e tinha um posto de água, indaguei o staff de quantos kms faltavam e para a minha surpresa ouvi o que não esperava.
Num bom e velho jeito mineiro um senhor me disse: “só mais um cadim, tá acabando mais uns 4 ou 5 kms você chega”. Comecei a rir por dentro, esse “cadim” de mineiro engana.
Os kms foram passando 41, 42, ….46,5km onde finalmente dei de cara com a faixa que indicava a entrada da fazenda do Gui Pádua e onde dali a um tempinho o pórtico de chegada apareceria.
Naquele momento escutava a musica Home do Phillips Phillip a mesma que tocou na largada do OCC no Mont Blanc algumas lágrimas caíram de felicidade, pois pude ser finisher da maratona mais roots que já corri na minha vida. Não sabia em que posição havia terminado e confesso que aquilo não me interessava.
Maratona da Roça - Finisher!
Maratona da Roça – Finisher!
Tão emocionante quanto a prova, foram as palavras do Gui Padua ao chamar aqueles que subiriam ao podio. Afinal de contas, a maioria eram seus convidados e ele Gui era conhecedor do pouco da historia de cada um. Eu fui chamado para subir no 3º posto e para minha surpresa o Gui disse a todos que eu tinha sido o primeiro atleta a ser convidado para fazer a prova me senti honrado.
Receber esse troféu foi um momento de muita energia e emoção!!
Receber esse troféu foi um momento de muita energia e emoção!!
O segundo colocado  levou o Gui as lagrimas, e a emoção começava a tomar conta quando descrevia o modo como o Edicarlos ganhava a vida e treinava como um atleta dedicado. E a apoteose veio na descrição do primeiro colocado o Antônio Carlos, atleta MTF (traduzam da forma que quiserem) de uma simplicidade impar. O que faz o Antônio Carlos especial, o mesmo trabalha na roça, seus músculos são cunhados na carpinagem.  Seguem as palavras dele ao Mini num bate papo logo pela manha. Como voc~e foi na sua ultima prova? “Xii rapaz eu fiz maratona e quebrei terminei com 2h:40m” putz isso porque quebrou rs.
Mas naquele momento o Gui Pádua tomado pela emoção deixou as lágrimas caírem sem medo, numa velocidade talvez maior que as suas aventuras no céu fazendo com que todos que estavam ali ficassem emocionados.
Ainda bem que estava de óculos - deu para disfarçar as lágrimas!!
Ainda bem que estava de óculos – deu para disfarçar as lágrimas!!
Quero registrar neste post o meu feliz aniversário ao Gui Pádua, dar os parabéns pelo seu projeto social e referendar essa prova como sendo uma maratona “roots” com uma good vibe que pouco nós vemos por ai.
Bons treinos e pau no cat!!!
Cicão!!