Como num parque de diversões, eu e o atleta catalão descíamos rumo a Trient num ritmo alucinante (ver video link abaixo), passamos por vários atletas chegando no posto de controle com 2h:57. O Virgílio segundo melhor brasileiro na prova até aquele momento, havia passado com 2h:31. Acabei encontrando o Tani que para a minha surpresa me filmou, além do Sandrao que me deu um super incentivo dizendo que eu estava muito bem.
video descida

Sabia que para chegar em Catogne, tínhamos a piramba mais íngreme da prova, chegaríamos a mais de 2.000 metros de altura. Segui firme passo a passo ladeira acima, fui ultrapassado por 3 mulheres, uma americana, uma alemã e outra não consegui distinguir a nacionalidade que aliás, está última foi a 3 colocada na prova, todas subiam como uma leveza e facilidade de dar inveja em qualquer cabrito montanhês, pensei comigo “a trilha coloca cada um no seu devido lugar” ri por dentro sabe? (como tenho mais de 40 lembrei daquela musica: “dizem que a mulher é um sexo frágil? mas que mentira absurda rs!)

Calor Africano
Rio de agua transparente – Uma delicia!!!

Enquanto isso, o corredor catalão acabou sucumbindo na subida, sabe aquele momento quando o atleta sai da trilha, usa os bastões como apoio, abaixa a cabeça e respira profundamente? Foi o momento em que as 3 mulheres passaram por ele, assim como eu. Sofríamos com o calor, com a subida, mas passava por isso em alto estilo, pois a nossa direita contemplávamos a beleza do Lac Blanc (um lago suspenso no alto da montanha) uma maravilha da natureza.

sem palavras - preciso dizer alguma coisa?
sem palavras – preciso dizer alguma coisa?

Passamos por Catogne e me lembrei que havia passado por ali em 2010 de madrugada embaixo de chuva torrencial, só que desta vez era com um puta sol. Na minha opinião esse posto de controle, é um dos mais lindos da prova pois fica no alto da montanha.
Começava ali mais uma descida agora rumo a Vallorcine no km 34. Cheguei em Vallorcine as 12:47pm, fiz uma parada rápida que durou cerca de 9minutos, ajustei mala, limpei o lixo que carregava, me reabasteci e tirei as pedras que entraram no meu tenis que estavam me incomodando. Foi nessa parada que tive noticias das meninas e ambas estavam bem. Aquela noticia me encheu de energia para continuar seguindo num ritmo forte para o meu padrão de corredor. Mais uma vez encontrei o Tani da Kaylash (que nesta prova da apoio e suporte para os atletas patrocinados pela marca, o Manzan que andava até entao entre os 10 e o Virgilio entre os 20. Naquele momento ele me disse Cicao, você é o 4 brasileiro e TOP100.
Próxima parada era ladeira acima em Col des Montets, aqui eu confesso que passei rapidamente já tendo em minha mente que o último posto de controle ficava também no topo da montanha.
O alto do morro La Flégère no km 45, tinha uma subida de chorar e mais uma vez fui ultrapassado por alguns atletas. Internamente brigava comigo para tentar manter um ritmo no minimo decente.
Meu estomago começara a reclamar, dividi o pouco da água que me restava nas minhas 2 garrafinhas, em um deles coloquei sal de frutas e no outro água, tomei o que restava em ambos o que não era muito e rapidamente resolvi algo que podia me atrapalhar.
O Calor aumentara, as panturrilhas fritavam e para ajudar a minha água acabara. Demorou um bom bocado até que na metade da subida passamos por corredeira de água, na qual eu não tive duvida, enchi uma das minhas garrafinhas e matei a minha sede.
Não da para esperar ate o próximo posto, o meu lado competitivo falava mais alto no meu intimo.  A historia de saber que era Top100 havia mexido comigo..subia o mais rápido que podia, mas não era o suficiente, a briga ali era comigo apenas.
Finalmente cheguei no topo da ultima subida, exatamente na posição 100. Sabia que a partir dali seria um campo de diversões pra mim, pois a minha técnica de descida tinha evoluído. Esvaziei o conteúdo da minha camel back, recarreguei as garrafinhas pela metade, tomei um gel, enfim, talvez tenha sido a minha parada mais rápida, demorei uns 2 minutos (padrão profissa ou total maluco beleza) rs.
Nessa parada ja era sabedor que as meninas estavam indo super bem, longe dos tempos de corte e isso me deixava muito mais tranquilo para finalizar a prova em alto estilo.
A descida…o renascimento do Cição!
Comecei a minha descida rumo a Chamonix, no meu campo de visão num primeiro momento não havia nenhum outro atleta. Desci que nem um cavalo galopante, aumentei o som e só pensava comigo “você vai dar tudo o que tem agora, usa todo o combustível que você têm, sem esquecer de se divertir”.
Na medida que entrei na primeira parte da trilha, comecei avistar alguns dos atletas que haviam me passado na subida. Me lembrava dos treinos da mata câmara, das trilhas de Itagaré, Japi, Reflora, enfim o que havia aprendido. Os meus pés flutuavam, e um a um ia passando pelos atletas, não sabia ao todo quantos mas sim eu havia passado por muitos.
Na segunda parte da descida, fui ultrapassado por um atleta que mandou um sonoro obrigado quando abri passagem, deve ter visto minha bandeira na mochila. Ele manteve um ritmo forte e gostoso, resolvi acompanhá-lo a uma distância segura. É algo magico pois no caminho vários caminhantes nos incentivavam!
Chamonix – a Apoteose que todo ultra sonha
É difícil descrever a sensação ao chegar em Chamonix, a cidade esta lotada e as primeiras palmas eu já começo a escutar, junto com Bravo, Supérrrr. A emoção toma conta do ambiente de tal forma que as minhas lagrimas começam a tomar conta! Torco para ver algum rosto conhecido na chegada, vejo o Tani antes da ultima curva e ao entrar na reta no qual podemos ver o pórtico ouço um grito Brasillllll.

Chegada em Chamonix - Sensação Unica!!
Chegada em Chamonix – Sensação Unica – Vibração – Energia!!

Cerro os meus punhos e solto um grito de felicidade. Missão cumprida!!!  Ganho a minha camiseta de finisher, mas confesso que poderia ser um colete, pois afinal de contas todos somos finishers de uma prova histórica.
Logo depois de pegar a minha camiseta, fui pagar a minha promessa, entrei na igreja, rezei o meu pai nosso e a minha ave maria. Penso no meu pai para variar, nas minhas filhas. Fui caminhando pro apartamento devagar ainda sentindo o sabor daquela conquista.
Ativei o meu celular, e comecei a ver os tempos da Nana e da Cris. Não demorou muito o Sandrao chegou me deu um puta abraco e com lágrimas nos olhos ainda envolvido pelo o ambiente que cerca a prova.
Recebemos a msg de que a Cris passara pelo ultimo posto e pensei eita mulher “porreta” já está chegando, tomei um banho rapidinho, peguei a bandeira do Brasil e la fomos nos esperar pela Cris e pela Nãna. Nao demorou muito, ela adentrou o corredor, demos um grito e entregamos a bandeira a ela. Ela conduziu a bandeira, como o Vanderlei Cordeiro em Atenas depois de terminar a maratona. Com os 2 bracos pro alto ela foi percorreu os últimos metros com o simbolo máximo da nossa nação flamulando por Chamomix.

Momento único vivido pela Cris - Anna Frost brasileira!!
Momento único vivido pela Cris – Anna Frost brasileira!!

A chegada da Nana foi majestosa pois de todos nós, foi a que treinou menos por causa de dores em seu calcanhar. Ela com foco, determinação e muita garra, entrou Chamonix voando, pegou a bandeira das minhas mãos e foi como se tivesse fazendo treino de tiro cruzou o pórtico de largada e como não acreditasse ficou por ali alguns minutos curtindo o sabor da sua vitória pessoal. Sou testemunha da sua dedicação e foco!

Chegada emocionante - bandeira nas mãos, joelho machucado devido ao esforço. E eu de tietando ao fundo!!!
Chegada emocionante – bandeira nas mãos, joelho machucado devido ao esforço. E eu de tietando ao fundo!!! enfim essa foto tem sentimento!

Afinal de contas, nos preparamos, sofremos, choramos e fizemos tudo o que podíamos para dar o máximo nessa prova.
Quero agradecer a todos que nos apoiaram. Todos que fizeram com que nós pudéssemos chegar até aqui e realizar mais este sonho. Particularmente penso assim: por mais individual que seja a corrida, a cada prova, é como se todos estivessem ali comigo, o Gabriel com a sua eficácia em me deixar os meus músculos preparados para a pancadaria de uma prova de montanha, o Sinoca por montar os meus treinos e desenvolver a minha técnica de montanha, o Liaw por cuidar das minhas dores, a minha mãe que sempre reza por mim, ao meu querido pai e a Nana a minha amada esposa que aguenta os meus “mimimis”, além de todos os demais amigos e admiradores deste esporte tão fantástico. Sei que onde quer que estejam todos, sem dúvida nenhuma torcem por mim.
E você ? já correu hoje? tem um sonho? então coloque foco, dedique-se que vai conseguir!!
Bons treinos!!
 

O dia chegou …
As quatro da manhã toca o despertador. Não me custa levantar, pois dormi bem e o nervosismo não chegara tão intenso como de anos anteriores, acordo a Nana e olho pela janela do meu quarto e já observo a movimentação de atletas na rua, a notícia não poderia ser melhor, pois não chove e tão pouco faz frio, algo tão raro como encontrar um diamante rosa em plena rua. Tomo uma ducha rápida. Observo a pilha de roupas que cuidadosamente separei na noite anterior e começo a colocar peça por peça da minha vestimenta, sem esquecer dos itens que vão me auxiliar durante a prova. Passo um anti atrito nos meus pés, toco-os com carinho pedindo para que eles toquem o solo com leveza, rapidez e inteligência, visto as meias de compressão, a minha bermuda e calço o tênis. Escuto movimento no apartamento, o Sandro, o apoio logístico das meninas já está de pé esbanjando humor e a Cris já prepara um delicioso café cujo o aroma já toma conta do apartamento.
Saímos nós 4 do apartamento e tomamos a fila do ônibus que nos levará até a largada. O clima está perfeito e procuramos nos descontrair enquanto a fila anda. Tomamos o nosso ônibus pontualmente as 5:15 da matina e levamos uma hora e meia até Orsières. O caminho da estrada era sinuoso que lembrava um sambar na avenida de uma rainha de bateria de escola de samba, vamos observando o amanhecer nas montanhas.
Chegamos a Orsières e já sentimos o clima da prova esquentando, pois centenas de ultras se espalham pela cidade. O nosso primeiro desafio ali era achar um banheiro decente para aliviarmos digamos assim a carga rs. As meninas com o seu carisma não demoram a encontrar esse lugar tão desejado (os corredores que estão lendo esse post sabem exatamente o quanto isso faz diferença rs).
Começo a sentir o entusiasmo da prova a medida em que vamos nos aproximando do pórtico de largada. Escuto o grito da galera, seguindo a locução francesa e inglesa, sabia exatamente como eram os rostos dos locutores, eram os mesmos dos anos anteriores, divertidos e simpáticos. Achamos um café bistrot do lado da largada e tínhamos tempo suficiente para um cafe (aliás que delicia de café). Nos aproximamos do pórtico escutávamos a música tema da prova “home – Gy phillip phillips”. De longe vi o Gui Padua, atleta gente finíssima que faria desta prova seu maior desafio.
Tive a oportunidade de tirar uma foto com a diretora da prova, Ms Poleti e quando a locutora que saiu da zona dos patrocinadores para conversar com alguns atletas eu não tive dúvida, levantei minha camisa e mostrei a minha tattoo que fiz em 2013 foi como se declarasse todo o meu amor as montanhas e aquela prova, em retribuição ao meu carinho ela acabou nos entrevistando: primeiramente a mim, Cris e a Nana (que com a sua timidez) passou a palavra.

Eis a diretora geral do Ultra Trail du Mont Blanc
Eis a diretora geral do Ultra Trail du Mont Blanc – Mis Poleti

Em nosso intimo, torcíamos para que as dores não dessem o ar da graça como se estivéssemos anestesiados com morfina, para que a logística da prova funcionasse como um relógio suíço, para que o dia fosse igual a de uma manhã clara de céu azul bem friozinho, como uma manhã de céu azul na cidade de Campos do Jordão, torcemos para que o setlist seja tocado numa seqüência perfeita, como se fosse comandado pelo DJ David Guetta. Torcemos para que cada alimento ingerido por nós, seja absorvido pelos nossos corpos e se transforme em energia pura como um combustível de alta performance num carro de F1.

A prova….
Na medida que a largada se aproximava, olho pro semblante dos corredores e percebo que existe uma mistura de alegria e tensão no ar. Essa mistura irá durar umas 5 horas para os mais rápidos que buscam um lugar na história e umas 14 horas para aqueles que querem ao menos terminar a prova. Todos nós iremos sentir se a preparação foi adequada, se os incontáveis dias de treinos, se as inúmeras subidas foram o suficiente para chegarmos em Chamonix. Essa corrida em especial para nós brasileiros é uma corrida de vida ou morte, não podemos nós dar o luxo de falharmos, lutamos contra dores, contusões, isso tudo faz com que o OCC seja uma corrida em que tenhamos que colocar a faca nos dentes.
Momentos antes da largada, o padre da cidade toca um instrumento esquisito e cumprido como se abençoasse a todos. O Sandrao nos abraça e deseja boa prova e se esgueira pela galera afim de achar um lugar na frente do pórtico para fazer a melhor imagem da nossa largada.
Começa a contagem regressiva em francês, 10,9,8,7,6…o som da música aumenta, decido que essa será a música da prova, dou um abraço fraterno na Cris Faccin lhe desejando boa prova 5,4, abraço e beijo a Nana dizendo que ela tenha calma e que corra por prazer que tudo dará certo 3,2,1 DEPART…..largo com lágrimas nos olhos para variar e de cara escuto um grito de incentivo Vaiii Cicao, sentimos a emoção e alegria dos moradores da cidade, tocando sinos e nós aplaudindo, passamos a curtir essa vibração e tão logo saímos da cidade, começamos a contemplar a beleza das montanhas. Ainda num ritmo tranquilo, cada corredor procura se posicionar sem deixar de curtir a “vibe”, centenas de crianças estão espalhadas nos primeiros kms, toco as mãos de várias, a sensação que tenho, é como se me passassem energia me tornando mais forte para seguir em frente.
Imagens da Largada!!
Largada OCC14
Sempre falo que a trilha coloca cada corredor no seu devido lugar, isto fará com que fiquemos em harmonia com a natureza para que consigamos cumprir a nossa jornada.
A primeira hora de prova transcorre dentro da mais absoluta normalidade, logo na primeira grande subida ajusto os meus bastões e me posiciono atrás de duas mulheres que com certeza eram irmãs, pois usavam a mesma roupa e a semelhança física era impressionante. Ao final da subida guardo os meus bastões e tomo a frente de alguns corredores. A próxima parada estava a 8km em Champex, sabia que os mais rápidos estariam lá entre 45 minutos a 1 hora, sabia também que tínhamos 2 brazucas fortíssimos que andariam nesse pelotão, o Manzan (um dos mais experientes e fortes corredor brasileiro que conheci pessoalmente aqui em Chamonix, cara humildão gente fina) e o rei da montanha o José Virginio esse dispensa comentários, ambos corredores esguios, com muita força experientes. Corredores deste nível, normalmente passam rapidamente pelos postos de controle.
22204801
Passei por Champex com 57 minutos, me sentia bem e focado. No caminho recebi um grande incentivo do Tani da Kaylash e de sua esposa, ambos gritaram meu apelido e me disseram que eu era o 4 brasileiro e estava entre os 100. Pensei comigo? Wow! Que bacana! Mas sabia que ainda tinha muito chão pela frente. Cuidava da minha hidratação e da minha alimentação como uma mãe cuida do seu bebe, pois sabia que qualquer descuido poderia sair bem caro.
Na medida em que o tempo ia passando, o calor ia aumentando, começava a sentir a minha headwear molhada do meu suor (o que me fazia lembrar dos treinos ensolarados na Serra do Japi). Todas as vezes que cruzava com um rio colocava a minha faixa embaixo daquela água para me refrescar. As trilhas por vezes eram estreitas, e por vezes bem largas onde dava tranqüilamente para desempenhar a corrida com bastante leveza. Havia já um bom tempo que um corredor catalão marcava o ritmo da prova a minha frente, estávamos indo rumo a Trient km 24, depois de ter passado por Lagiete no km 19, lá eu teria notícias por das meninas e ganharia um incentivo do meu brother Sandrao…

Calor Calor Calor !
Calor Calor Calor !

continua….no próximo ultimo post desta aventura!

O cenário…
O Ultra Trail du Mont Blanc é realizado em Chamonix cidade que recebeu a primeira olimpíada de inverno em 1924. Sim galera, o UTMB é uma das mais competitivas provas de ultra Trail do mundo. Grandes feras estão por aqui: Anton, Olson, Nuria, Sherpa Fernanda Maciel, Rorio Bosio, etc, o que faz desta prova uma das mais desejadas de serem disputadas no mundo. Esta edição reuniu mais de 8.000 corredores de mais de 90 países, distribuídos nas 5 provas (PTL, TDS, CCC, OCC, UTMB). Na semana da prova além de encontrarmos um verdadeiro desfile de coletes de Finishers sendo estampadas por corredores do mundo inteiro, podemos esbarrar em qualquer esquina com alguma fera do mundo do trail dessas que vemos nas redes sociais.

Chamonix proporciona este tipo de encontro - Só feras!!
Chamonix proporciona este tipo de encontro – Só feras!!

Já considero que tenho um pouco de experiência no clima que envolve o ultra Trail du mont blanc afinal de contas, está é a minha 3 participação, em 2010 estreei no CCC, em 2013 no TDS e agora OCC. Detalhe curioso é que França e Itália sempre tiveram provas que largam de seus países, faltava então uma que partisse da Suíça e neste ano o sonho da organização tornou-se realidade, pois tivemos a estréia do OCC – prova de 53km que partiria de Orsières na Suíça e terminando em Chamonix com 3.300 de desnível.
Desta vez era diferente…
Neste ano a minha sensação em Chamonix era diferente pois estava acompanhado da minha esposa “Nana” corredora da Upfit treinada pelo Togumi, da Cris Faccin parceira de muitos kms, treinada pelo mesmo técnico que o meu, diretor da Trail Runners Brasil e atleta patrocinado pela North Face – Marcelo Sinoca. Ambas estreavam em provas na Europa, e de certa forma me sentia responsável por elas, afim de que não cometessem os mesmos erros que eu havia cometido em anos anteriores. Para nós corredores amadores essa prova significa muito e sonhamos para que tudo de absolutamente certo. Conosco também estava o meu grande amigo Sandrão que estava com a responsabilidade de ser o STAFF das meninas durante a prova.
Chegamos uma semana antes da prova para dar tempo de fazermos uma aclimatação razoável. É óbvio que logo no primeiro dia, acabamos fazendo o que a maioria dos ultras vindo de vários países fazem, ou seja, saem para dar um trote e depois correm pra lojas para comprar o que tem de mais novo no mundo Trail.
Aqui em Chamonix conseguimos encontrar lojas das principais marcas do mundo do Trail: mammut, north face, salomon, leki, buff, quechua, patagonia, lafuma. Tudo aqui respira esporte outdoor. A cidade é rodeada por trilhas e montanhas é um verdadeiro parque de diversões.
Se você pretende vir um dia aqui em Chamonix, corra dos restaurantes gigantes, pois eles não são boas pedidas, prefira os pequenos. Voe de parapente, faça rafting pelas corredeiras do rio que corta a cidade, alugue uma bike ou simplesmente calce um tênis e saia correndo pelas inúmeras trilhas existente ao redor da cidade todas muito bem sinalizadas.

Na primeira oportunidade que tenho e como de costume, entro na igreja que fica logo atrás do pórtico de chegada e rezo um pai nosso e uma ave maria, pedindo proteção para todos os corredores em especial para os brasileiros e em especial para nós 3. Ali prometo que se terminar a prova a primeira coisa que farei será entrar na igreja e repetir as orações em sinal de agradecimento.

Largada do PTL emociona a todos pois aqueles caras vão rodar nada mais nada menos que 300km com 28.000 de desnível acumulado. Vejo lagrimas nos olhos de muitos atletas, inclusive nos nossos que ali acompanhavam a largada.

Retirada do kit – Quarta-feira checamos todos os itens obrigatórios e fomos em direção do centro esportivo da cidade. Ao chegar no local, encontramos a lista dos ultras inscritos respectivamente abaixo do nome de cada prova correspondente.

A primeira impressão que me dá e como se fosse a lista de aprovados no vestibular, ou seja, todos olham a lista com uma certa apreensão e quando finalmente encontram seu nome, abrem um sorriso imenso e tiram uma foto como o indicador em cima do nome.

 

Lista de Aprovados? :)
Lista de Aprovados? 🙂

A fila vai andando e de cara, percebemos o carinho e a organização dos voluntários, são mais de 2000 trabalhando na semana da prova. Encontramos uma moça que nos pergunta, qual prova vamos fazer e nos indica a fila em que devemos ficar. Entramos nos 4 no corredor conversando e um francês simpático nos pergunta num bom português se somos brasileiros e foi logo dizendo que adora o nosso Pais. A fila anda e chegou a hora da verificação se está tudo ok com a nossa inscrição, recebemos uma bandeja e uma folha com a lista e foto de todos os itens obrigatórios a serem apresentados.
Enquanto o Sandro vai registrando com fotos e vídeos a nossa passagem, vou cuidando das meninas para que não tenham nenhum tipo de problema na checagem. A Nana passou ilesa pela verificação dos itens obrigatórios, já as lanternas novas da PETZL da Cris e a minha – da marca patrocinadora foram questionadas pelos fiscais. O fiscal no meu caso, disse que eu tinha que mostrar uma bateria reserva, conversei um pouco com ele e fui liberado, já o fiscal que validou o da Cris pediu para que ela entrasse na fila e falasse com o diretor daquela ala. Percebi que naquela fila, haviam muitos atletas não se atentaram para os outros tens obrigatórios. Pegamos a lanterna de pilha da Adriana e assim a Cris acabou sendo liberada.
Próxima parada, era pegar a camiseta, que neste ano era amarela, além do ticket no ônibus, junto com o número de peito e a linda pulseira na cor laranja. A felicidade era imensa e só pensávamos em comer bem, arrumar tudo o que levaríamos pra prova.

Kit na Mão
Kit na Mão – #estilonana

continua….

Atletas de Elite ou Não o Brasil o nosso Brasil estará bem representado no Ultra Trail du Mont Blanc!!
Infelizmente não conheço todos os brasileiros e usei os exemplos abaixo afim de exemplificar que o Brasil estará muito bem representado nas provas que fazem parte do Ultra Trail du Mont Blanc. Todos aqui amam esse esporte, sendo corredores profissionais ou não. Ao final do post encontraremos os nomes e as provas em que todos correrão.
Adriana Barreto – A musa da montanha!
Adriana Lopes Barreto – mais conhecida como Nana tem 39 anos (corpinho de 20 graças a corrida), é  mãe da Valentina e da Rebecca, esposa do Cícero, doceira, bonita E corredora dedicada com agenda de profissional. Talvez seja uma das atletas com o maior poder de concentração que conheço pelo fato de usar a sua deficiência auditiva a seu favor. Sua forma de ver a corrida: no melhor estilo nana ou seja corre por prazer.

Com a sua leveza e delicadeza o seu lema é correr por prazer sem pressão de tempo!
Com a sua leveza e delicadeza o seu lema é correr por prazer sem pressão de tempo!

Carla Penha Goulart de Almeida – A Incansável!
Os ultramaratonistas são encarados como super-homens da corrida. A Carla é guerreira e adora vencer grandes desafios prova disto que ela foi campeã da Ultra Maratona dos Anjos, prova mais dura do Brasil, com 235 km de percurso e tempo limite de 60 horas.
CARLA GOULART
Cristiane Faccin – A Anna Frost Brasileira!
A Cris chegará no Mont Blanc pela porta da frente, pois ao longo dos últimos anos adquiriu gosto pelas corridas de montanha sempre sendo TOP 10 nas provas que disputou.XTERRA, Maratona dos Perdidos, Desafio de Campos do Jordão.

Sinônimo de garra e força!
Sinônimo de garra e força!

Rosália Camargo – A pequena  Notável!
A corredora possui inúmeros pódios no currículo. Conquistou o 1º lugar nas três etapas do X-Terra 2013 e também foi vice-campeã do Red Bull Kirimbaua 2013. Em 2012 ficou em 1º lugar em uma das provas mais duras da América Latina, o El Cruce de los Andes. Considerada uma das melhores corredoras do país, ela se divide em duas funções: arquiteta e atleta The North Face.

Rosália vai estrear nos Alpes carregando muita experiência!!!
Rosália vai estrear nos Alpes carregando muita experiência!!!

Alexandre Manzan – Esse cara é bruuuutooo!
Sem dúvida é um dos mais experientes atletas especializados em provas de multi esportes do Brasil. Vice campeão mundial de triathlon e penta campeão brasileiro do circuito XTERRA, em 2013 foi campeão da Volta dos Romeiros e vice campeão da Volta do Baú.

Esse cara é um dos mais experientes e fortes corredores do Brasil
Esse cara é um dos mais experientes e fortes corredores do Brasil

Chico Santos – Cearense Gente fina!
Atleta de ultra trail apaixonado pelas montanhas! Entre os principais resultados de 2013, foi campeão do XTERRA Ilhabela 80km, da Maratona dos Perdidos e do Half Mission Serra Fina. 
Multi campeão, esteve na Europa este ano, com certeza rirá muito forte para o CCC.

Multi campeão, esteve na Europa este ano, com certeza rirá muito forte para o CCC.

Ivan Pires – O Homem de Gelo!
Atleta de trail run, possui vários títulos nacionais e internacionais. Destaque para vice campeonato no Short Mission Serra Fina e o 5º Lugar El Cruce 2014, competindo com atletas de elite do trail run mundial, seu campo de treino fica em Campos do Jordão.

Ivan além de um guerreiro é mais um dos atletas de elite do cenário nacional!!
Ivan além de um guerreiro é mais um dos atletas de elite do cenário nacional!!

José Virgínio – O Rei das Montanhas!
Atleta de trail run, conhecido como rei da montanha. Um dos mais experientes atletas e incentivadores da corrida em montanha. Entre os principais resultados foi vice-campeão do El Cruce em 2012 e 2013 e bicampeão do Desafio das Serras em 2012 e 2013.

O Rei das Montanhas - não preciso dizer mais nada!
O Rei das Montanhas – não preciso dizer mais nada!

Sidney Togumi – Japonês um dos mais experientes!
Diretor da Upfit Assessoria Esportiva. Um dos mais respeitados técnicos de corridas de montanhas do Brasil. Considerado o embaixador brasileiro do La Mision, Togumi é um dos atletas mais carismáticos do mundo da montanha alé de ser um dos mais cascas grossas. Só para os amigos leitores saberem quem é ele, o Togumi foi Finisher no PTL a prova de 300km que faz parte do calendário do Ultra Trail du Mont blanc.
Uma lenda viva no cenário das maratonas de Montanha.

Uma lenda viva no cenário das maratonas de Montanha.

Leonardo  Maciel – A força carioca!
O Léo é um jovem carioca que emana força para todos os lados e não foi a toa que ele ostenta o título da primeira edição da Mizuno Uphill Marathon.

Léo é sinônimo de força e paixão pelas provas de montanha!
Léo é sinônimo de força e paixão pelas provas de montanha!

 Gui Pádua – O mais good vibe !
Gui Pádua, 11.000 saltos, paraquedista, apresentador, agricultor, adm. de empresas e cineasta, maratonista. Campeão Mundial de Skysurf, e atual Recordista Mundial de Tempo em queda livre 4min40seg e Recordista de altura com o Skysurf 26.000 sem oxigênio. Se ele corre?, corre sim e muito foi Finisher na COMRADES proa de 98km que acontece na África do Sul.

Corredor que voa!
Corredor que voa!

Cicero Barreto – Cição Pau no cat!
Cição como é conhecido adquiriu uma boa experiência ao longo dos últimos anos. Passei das pequenas corridas para grandes provas. Paris, Rio, São Paulo. Aos poucos, as ultramaratonas: 3 Cruce de Los Andes, 100 k; 1 DesaFrio de Urubici, 52 k; 1 Desafio das Serras, 80 k; 1 Xterra, 50 k. além de estar voltando para o ULTRA Trail du Mont Blanc para realizar sua terceira prova.
cicao
Entrando no site http://utmb.livetrail.net/ ou no http://www.ultratrailmb.com/ você poderá acompanhar todos os brasileiros em tempo real.
Bons treinos e torçam por nós!!! – Abaixo a lista de todos os brazucas!

UTMB®

 dorsal

 Apellido

 Nombre

Categoría

835

GUARISCHI

Rosalia

SE F

1009

PENHA GOULART DE ALMEIDA

Carla

SE F

2430

PEREIRA REINALDO DE SOUZA

Rodrigo

SE H

1732

SAMPAIO

Rodrigo

SE H

2107

SILVA

Guilherme Fernando

SE H

1489

TOGUMI

Sidney

V1 H

1886

TOLDO

Luis Gustavo

V1 H

CCC®

 dorsal

 Apellido

 Nombre

Categoría

3070

CHICO SANTOS

Francisco

SE H

3856

COTI

Mauricio

SE H

5232

HENMI

Alberto

V1 H

5311

MIRANDA

Marcos

V1 H

5075

MIRANDA

Rafael

SE H

4420

SANTOS DE MORAIS NOGUEIRA

Ana Lucia

V1 F

5645

SARRAZIN

Julien Albert

V1 H

4084

SOUSA

Nuno

V1 H

5310

VIANA

Simone

V1 F

TDS® (Sur les Traces des Ducs de Savoie)

 dorsal

 Apellido

 Nombre

Categoría

7744

CALABRIA

Alexandre

V1 H

6587

CARLONI

Andrea

V1 F

7550

CORISSA NETO

Jose

V2 H

7487

DA SILVA

Sergei

V1 H

6656

GUARISCHI

André

V1 H

7692

LECA

José

SE H

7159

NOGUEIRA LOPES DA CUNHA

Alexandre

V2 H

7315

PIRES

Ivan

SE H

6471

PIRES NETO

Armando

V1 H

7225

RAZERA

Marcio

V1 H

6590

SCHIRMER

Sabrina

V1 F

6044

TERRA

Cyntia

V1 F

6721

VICINTIN

Alex

SE H

OCC

 dorsal

 Apellido

 Nombre

Categoría

9436

AMELIA BOGEA

Maria

SE F

8381

BARRETO

Adriana

SE F

8240

BERTAZZOLO

Giuliano

SE H

8265

CICERO

Souza

V1 H

8750

CRISINHA

Cristiane

SE F

9628

DANIEL

Dirani

SE H

9186

DEL VIGNA

Eugenia

SE F

8613

FIUZA

Teresa

V1 F

9359

LOPES

Alexandre

V1 H

9187

MACIEL

Leonardo

SE H

9188

MANZAN

Alexandre

V1 H

9248

MORAIS

Jose Virginio De

SE H

8376

PADUA

Gui

V1 H

8651

SEABRA RAMOS

Bruno

V1 H

8842

SEVERI

Thiago

SE H

TEDESCHI

Helder

V2 H

 

Uma das mais competitivas provas de montanha do mundo – de 25 à 31 de agosto 2014.
Sete Vales, 71 geleiras, 400 montanhas…
Uma das provas de montanha mais competitivas do mundo
Realizar a volta de Mont Blanc é descobrir um universo incomparável, e da impressionante e mágica alta montanha; é compartilhar o sonho eterno dos pioneiros, é atravessar um jardim mágico de Gaston Rebuffat e as histórias de Roger Frison-Roche e descobrir a geografia íntima das montanhas: a volta de Mont Blanc, a borda de Bionnassay, o Noire de Peuterey,  Dent du Géant, a parede dos Grandes-Jorasses, o sul e o norte da Aiguille du Tour, Aiguille Verte, a vertical de Drus.

O sonho de todo ultramaratonista, cruzar o pórtico de chegada em Chamonix!
O sonho de todo ultramaratonista, cruzar o pórtico de chegada em Chamonix na frente da Igreja!

UTMB® [Ultra-Trail du Mont-Blanc®] a corrida original “reina” – 166km

Na primeira edição, foi chamada com “a corrida de todos os superlativos”. A volta completa do maciço Mont-Blanc, atravessando 3 países : França, Suíça e Itália. Uma corrida que todo corredor de Ultra tem que fazer pelo menos uma vez na vida.

Máximo 2.300 corredores – Tempo limite, 46 horas. – O Tempo estimado dos primeiros corredores é de  20 horas.

Nesta prova além do sorteio somente são aceitos corredores com  7 pontos de classificação, isto é, completaram provas ao redor do globo nos últimos 02 anos que foram cadastradas junto a organização.

A prova pode ficar bem mais desafiadora se nevar ou chover!!
A prova pode ficar bem mais desafiadora se nevar ou chover!!

CCC (Courmayer-Champex-Chamonix) – 101km
Criada em 2006, tem sido popular tanto quanto como sua irmã mais velha. A CCC® é considerada por muitos como “a pequena”, mas é um dos maiores desafios do mundo do Ultra-Trail®. Não se deve desprezar a CCC® já que mais de um corredor sofreu muito mais do que esperava. Metade da volta de Mont-Blanc que sai de Courmayeur na Italia percorre 101 km com 6.100 metros de subida.
A largada será sexta-feira dia 29 de agosto 2014 às 9:00 no centro de Courmayeur (Itália)

– Máximo 1.900 corredores
– Tempo limite, 26:30 horas.
– O tempo estimado dos primeiros corredores é de 12 horas.
– Somente foram aceitos corredores com 2 pontos de classificação.

Correr na montanha requer planejamento e o uso correto dos equipamentos.
Correr na montanha requer planejamento e o uso correto dos equipamentos.

TDS (sur les Traces des Ducs de Savoie) – bruta e selvagem- 119km

Mais selvagem e mais técnica que UTMB® e que a CCC®, no coração do vale de Aosta, e a dos Saboyas, esta corrida altamente exigente oferece uma visão inédita da volta de Mont-Blanc e da Beaufontain. Durante a corrida  poderá descobrir o morro de Youlaz (2.661 m.) que domina Courmayeur, a “passagem du Curé” ou a espetacular vista do maciço del Mont-Blanc depois del Collado da Gitte no coração de Beaufontain.
Metade da volta de Mont-Blanc com largada em Courmayeur e percorre 119 km e 7.250 metros de subida. Já ouvi de corredores experientes que esta sim é uma das mais difíceis, senti na pele a emoção desta prova.
A largada será de Courmayeur na quarta-feira dia  27 de agosto 2014 às 7:00

– Máximo 1.600 corredores
– Tempo limite, 33 horas
– O tempo estimado dos corredores é de 14 horas.
– Somente serão aceitos corredores com 2 pontos de classificação.

PTL® [la Petite Trotte à Léon] – 300kmUma grande aventura em equipe!

Uma prova alucinante e não uma corrida já que não há classificação. Uma “Grande” volta ao Mont-Blanc adicionando grandes colinas, muitas vezes em mais de 2.500 metros de altitude e com passos muito comprometidos. Se ama a solidão e total aventura tem que parar alguma vez. Prova sem classificação e em complVolta de 300 km e 28.000 m de subida
– Tempo maximo : 141 horas
– Largada de Chamonix segunda-feira dia 26 de agosto 2013 às 17:30
– Máximo 100 equipes
– Limitado a equipes com pelo menos um finalizador de UTMB®

mont blanc no frio

OCC [Orsières-Champex-Chamonix] – 53km !

A corrida terá inicio em Orsières localizado no sudoeste de cantón no Val d’Entremont. Este vale oferece paisagens únicas tais como as agulhas do flanco oriental do Mont-Blanc desenhando a fronteira franco-suíça, geleiras suspensas sobre as rochas. O trajeto de OCC passa pelo coração desta natureza em um ambiente particular e típico antes de chegar a Champex e a última e mágica parte do percurso de UTMB® o da CCC®.
A largada será de Orsières na quarta-feira dia 28 de agosto 2014 às 8:00

– Máximo 1.200 corredores
– Não são necessários pontos para classificação

Resumidamente esta é a medalha que os finalistas recebem ao final de suas jornadas. O colete tão desejado, é lindo demais!!
Resumidamente esta é a medalha que os finalistas recebem ao final de suas jornadas. O colete tão desejado, é lindo demais!!

Este evento é resultado de um longo sonho e uma paixão pelo o Ultra-Trail®, compartilhado por um número cada vez maior de corredores do mundo inteiro e de seus acompanhantes. Sua concretização só é possível graças a amizade que une os habitantes dos municípios, franceses, italianos e suíços da região de Mont-Blanc.eta autonomia realizada em equipes de 3 ou 2 corredores .
– Percurso que muda a cada ano e não sinalizado, são entregues mapas e trilhas de  GPS.

No próximo post falarei dos Brazucas que representarão em alto estilo a nossa pátria!! Fica a dica se um dia você desejar realizar uma prova mágica, qualquer que seja a opção acima você terá optado por algo mágico.

Abraços bons treinos e pau no cat!!!!

crédito: site www.ultratrailmb.com

Cição

Fiz inscrição para essa prova no inicio de 2014 sem muita convicção se faria, decidi muito com ajuda do meu técnico Sinoca e pela dica do cara que me colocou nas trilhas o André.
Era a segunda edição desta prova que é considerada a mais difícil do Brasil. Para termos ideia, entre subidas e descidas acumulavam mais de 6000 metros, tínhamos pela frente 4 montanhas entre elas: o Morro dos Perdidos com 1.476m, o Morro Araçatuba com 1675m e entre elas uma montanha com 1.355m e outra com 1.200m.
Para deixar a prova ainda mais interessante, a mesma dava 1 ponto para o Ultra Trail du Mont Blanc, uma das principais provas do mundo do trail. Para participar dessa prova os atletas precisavam fazer uma pré-inscrição, comprovando que haviam feito alguma prova de montanha. Reparei que essa maratona conseguiu reunir além de vários atletas profissionais além de muitos ultramaratonistas “cascas grossas”, enfim só tinha gente preparada.
Tinha estudado bem os detalhes dessa prova cumprindo a risca todo o plano de treinamento, era sabido que a maior parte do percurso era formado por trilhas extremamente técnicas com subidas íngremes e descidas insanas. Na sua primeira edição em 2013, essa maratona já impôs respeito, o clima foi de frio intenso e de tempo fechado e quando eu olhava os resultados percebia o “tamanho” da encrenca que teríamos pela frente, podía ver que um dos maiores ultras do nosso País o Chico “gente fina” Santos, havia fechado os 44km com 5h:49 horas e apenas 16 precursores encararam o desafio. Sabia que tinha que exercer alguns dos mandamentos dos ultras: planejamento, paciência, humildade e força!
Saímos de São Paulo rumo a Curitiba, eu, a Nãna corredora da Upfit e a Cris da Redcalangos e lá encontraríamos o Fernando que já foi o meu “anjo da guarda” já falei dele por aqui no post do KTR e a Giovanna sua fiel escudeira. A previsão do tempo no início da semana tinha nos mostrado entrada de uma frente fria com chuva um dia antes da prova. Como eu monitorava o tempo todos os dias…, a minha esposa me falava para parar de olhar essa previsão, pois esse negócio muda toda hora rs…, no fundo eu sabia que aquela informação mudava alguns itens do planejamento e se a previsão se confirmasse isso me deixava um pouco mais apreensivo… falo dessa forma, pois lembrava das imagens do que foi a prova em 2013. Mas chegando em Curitiba , o que víamos era um dia frio mas com um lindo céu de brigadeiro.

Fernandinho voando pelas trilhas!
Fernandinho “anjo da guarda” voando pelas trilhas! foto: TRC

É chegada a hora…como tínhamos ficado no centro de Curitiba combinamos de irmos em comboio até arena de largada que ficava cerca de 50 minutos dalí. Acordamos as 4:20am juntamos as nossas coisas, tomamos um café rápido e lá fomos nós pegar estrada.

Naquele momento a temperatura no relógio do carro era 1,5C, sentia a Nãna muito calma e tranquila ao meu lado e no banco de trás uma ofegante Cris, talvez um pouco ansiosa por causa da temperatura e da viagem que não acabava.

Chegamos na arena ainda no escuro nós ouvíamos as ultimas instruções sobre a checagem do material obrigatório, entre eles e talvez o mais “chatinho” era o de vestir a camiseta da prova por cima de qualquer coisa que estivéssemos vestidos, tudo obviamente por uma questão de segurança, pois passaríamos por áreas particulares.
Passamos pela checagem de equipamentos: lanterna de cabeça, corta vento, mochila de hidratação, cobertor de emergência e apito. Desejamos boa sorte uns aos outros e foi emocionante ver que ao nosso lado, grandes feras que estavam prontas para voarem, entre eles: o Sinoca (Northface), Chico Santos (Kaylash), Gilliard, Cleverson, Leonardo Meira, Leonardo Torres, Paulo Barbosa, Tiago Sassi, Gabriel, enfim só canela fina.
largada
Enfim havia clareado e procurei a Nãna para dar um caloroso boa sorte, procurei-a por alguns segundos e a encontrei lá no fundinho, quietinha na boa, talvez se perguntando e torcendo para que nenhuma dor a incomodasse durante o percurso, pois vinha de um bom período sem correr, apenas pedalando, largou em última, fez a metade da prova praticamente sem dor alguma completou os 22km abaixo das 5 horas que o tempo de corte.
Voltando a minha largada…, comecei devagar procurando o aquecimento ideal, não sentia os meus pés e ao mesmo tempo ainda travava um pequena briga com os meus trackpools (vamos chama-los de “pauzinhos”) pois fazia muito tempo que não os usava. Era um tal de “assoviar e chupar cana” ao mesmo tempo, ajustava altura dos pauzinhos, outra hora era o ajuste da mochila, enfim os 6 primeiros km serviram para praticamente isso: aquecer e ajustar, aquecer e ajustar. Via alguns rostos conhecidos indo num ritmo parecido com o meu, aquilo era de certa forma um conforto para mim. De longe avistei uma mulher, uma loira cabelo solto e que corria com um estilo todo peculiar, praticamente sem nenhuma proteção contra o frio, pensei com os meus botões ou essa mulher é do sul do País ou é gringa (vendo seu nome na classificação final concluí que trata-se de uma gringa com sobrenome Hilmman, finalizou a prova em segundo lugar feminino).

Foco e Concentração
Foco e Concentração rumo ao cume do Morro dos Perdidos
Mestre Sinoca e a sua good vibe!!!
Mestre Sinoca e a sua good vibe!!!

No ataque ao morro dos Perdidos, pude perceber o quão bela seria aquela corrida, pois para onde quer que olhássemos tínhamos uma imensidão verde que ia até a linha do horizonte. O sol dava o ar da sua graça e a sensação é a de que corríamos com um ar condicionado ligado rs. Pude perceber também a preocupação da organização com os atletas, pois haviam socorristas e staffs por inúmeros pontos do percurso, além de uma marcação perfeita das trilhas, isso sem dúvida nenhuma nos passou a certeza de que eram profissionais que cuidavam da prova.  Como havia chovido muito no dia anterior, logo na primeira trilha fechada com 4.5km de prova levei o primeiro “capote”…tratei de rir daquela situação e falar em voz alta…bem vindo a sua prova começou rs atingi o cume do Morro dos Perdidos e ali comecara a primeira descida, primeira parte num single track onde eu acabei passando a gringa e mais alguns atletas e de longe fiquei perseguindo um atleta longelineo um cara mais alto do que eu, alternávamos as posições até chegarmos numa descida de uns 2km de estrada de terra, onde podemos ficar lado a lado e trocarmos algumas palavras…ele: ”sensacional a sua bandeira do Brasil isso sim é que ser brasileiro” eu disse “muito obrigado, adoro carrega-la acho que me dá sorte”, me perguntou ainda se eu fazia corrida de aventura, daí eu disse que não, só prova de montanhas. No final dessa descida, entramos num single track e não demorou muito para avistarmos a cachoeira dos perdidos uma beleza da natureza.
No km22 tínhamos o tão temido corte da prova, assim que me aproximava dei de cara com o Fernando “anjo da guarda” saindo para continuar a sua prova, acabei passando com 3h:02m sabendo que a segunda perna seria muito mais difícil que a primeira.

Acabei cometendo um pequeno erro naquele momento, tomei uma sopa para tentar me esquentar, mas ela acabou fazendo um “baticubum” no meu estomago…nessas horas a gente fica refletindo…por que diachos você tomou aquela sopa sendo que em nenhum treino você testou algo parecido? Preciso solucionar esse problema era só o que pensava, recorri ao bom e velho sal de frutas, dei uns “arrotões” e logo aquele mau estar passou.

A prova se desenrolava morro acima, fui ultrapassado por uns 10 atletas, corredores amigos que vira e mexe um perguntava ao outro como estava. Mantive a concentração e administração da minha hidratação, pois já não tinha mais tanta agua e precisava cuidar para que não acabasse numa área sem agua. No alto do morro Araçatuba no km30,7, pude me reabastecer com um pouco d´gua e a partir dali começava a descida.

Toda corrida tem o seu momento de decisão e a trilha coloca cada corredor no seu devido lugar.

Como um cabrito das montanhas, fui atacando as descidas tentando poupar os meus quadríceps, fui passando alguns colegas na medida em que a descida perdurava. Ainda continuava administrando a minha agua e na primeira oportunidade em que cruzei por um rio, enchi as minhas duas garrafinhas como num pit stop de uma Ferrari rs.
Avistei a placa do km40 e continuei ganhando algumas posições, quando foi no 42km e para a minha alegria avistei o Fernando e brinquei com ele, Fala aeeeeeeee Fernandooooooo adivinha quem chegou ??? ele putz Cição, dei uma virada no pé e está me incomodando…disse a ele: “bora” terminar essa bagaça juntos”… por fim era um dando apoio pro outro, ele abria nas subidas e eu nas descidas e assim terminamos literalmente juntos como top 20. Fomos recebidos por nossas esposas, naquele momento eu sabia que a Nana tinha ido super bem até o km22, achando por bem não forçar (decisão sábia, eu a admiro muito por ter essa consciência e já foi me dizendo que em 2015 vai voltar para fazer os 44km) e a Giovanna que o recebeu com um longo abraço.
Dalí em diante era torcer e esperar pela “Anna Frost Brasileira” a nossa guerreira Cris Faccin, o mestre Sinoca Top 10 na prova já havia se trocado e almoçado rs me perguntara: e ai Cição o que você acha? Eu disse: Não tenho dúvida que ela vai terminar bem e feliz pois o percurso é simplesmente lindo e as trilhas estavam ótimas para correr . Não deu outra, com 9h:01m ela completou a prova em 6 lugar sorrindo e bestificada com a beleza e organização da prova prometendo que no ano que vem voltaria.

A caminho do Morro dos Perdidos
Cris – a caminho do Morro dos Perdidos

Fiquei muito emocionado, pois aquelas horas de prova traduziram meses de treino e dedicação acordando cedo faça chuva ou sol. Lidando por muitas vezes com as dores, mas nunca perdendo o foco!!!

Orgulho de ter conquistado essa medalha de Finisher!
Orgulho de ter conquistado essa medalha de Finisher!

Parabéns a todos os guerreiros que encararam a Maratona dos Perdidos – dura, linda, técnica e bem organizada!
Distância: 47km
Tempo: 7h:11m
Colocação: 17 geral e 4 na Categoria
Tenis: Salomon Contragrip
Track and Pool: Leki
Meia: Compresport
Corta vento: Northface
Faixa: BUFF
Mochila de Hisdratção: Salomon 12l – Slab
Setlist: “maratona dos perdidos” (base rock and roll galo véiiii)
Coach: Marcelo Sinoca
Personal: Gabriel Duarte
“Pau no cat” e bons treinos!!!
 
 
 

Dia 10/07/14, como a maioria das minhas madrugadas saí pela realizar o meu treino diário. Diferente dos demais dias, senti algo estranho, uma energia diferente, um clima relativamente mais pesado.

Comecei meu aquecimento trotando, ainda meu sonolento neste dia frio e chuvoso. Pensava cá com os meus botões, com certeza essa chuvinha representava o choro de milhões de brasileiros que assim como eu, ainda sentia as dores da derrota fulminante sofrida pra majestosa seleção alemã, somava-se a isso a classificação dos nossos maiores rivais no futebol, sim nossos “Hermanos” Argentinos estão na final no Maraca.

O contato das minhas passadas com o chão, aumentavam na medida que um “revival” das reações dos brasileiros aos últimos acontecimentos futebolísticos passavam pela minha cabeça, se pudéssemos voltar no tempo, muitas coisas poderiam ter sido diferentes, a escalação, a convocação, a preparação, etc. Infelizmente, nós brasileiros temos uma mania de arranjar um culpado pra tudo: o Barbosa na copa de 1950, Cerezo em 1982, Lazaroni no ano de 1990 e agora estão querendo jogar o ônus de 2014 nas costas do Fred ou do Felipão, será que não chegou a hora de reconhecermos que podemos perder quando não somos superiores? Enfim…o tempo foi passando, as passadas continuavam firmes e o meu “setlist” pelo menos este colaborava com o meu treino: ouvia: Cartola, Rappa, J.Quest, Legião….

simbolo máximo da nossa nação!!
simbolo máximo da nossa nação!!
Confesso aos amigos leitores, que o que me fez escrever esse post, foi no momento em que estava passando por uma das pontes que cruzam a marginal pinheiros, me deparei com a bandeira do Brasil, dessas que nós vimos nos vidros dos carros pelas ruas de São Paulo, no chão, molhada e já de certa forma um pouco “surrada”. Pensei comigo: “poxa essa bandeira deve ter sido motivo de orgulho para o seu ex-dono” que possivelmente a dispensou depois da derrota.

Com a sensação do orgulho ferido, me agachei peguei a bandeira do chão e a segurei lá no alto como de gritasse pro mundo “Verás que o filho teu não foge a luta”. SIMMMMM nós brasileiros estamos feridos, mas não estamos mortos, vamos renascer mais fortes, mais preparados e tendo a humildade de reconhecer que fomos inferiores e que vamos aprender com essa derrota.
 

Isso tudo acontecia ao mesmo tempo que o som  abaixo “bombava” nos meus ouvidos, ainda refletia sobre o que a mídia estrangeira falava e alguns tabloides debochavam do Brasil…que se dane eles pois só quem pode falar mau de nós somos nós mesmos. O som abaixo pra mim é um som de proteção… e numa mistura de sensações continuei ouvindo.. aumentando o ritmo das minhas passadas.
“Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Para que meus inimigos tenham pés
e não me alcancem.
Para que meus inimigos tenham mãos
e não me toquem.
Para que meus inimigos tenham olhos
e não me vejam.
E nem mesmo em pensamento eles possam ter
para me fazerem mal.
Armas de fogo
meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar.
Cordas e correntes arrebentem
sem o meu corpo amarrar.
Pois eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Jorge é de Capadócia
Salve jorge!
Salve jorge!”

 
Bom dia a todos e bons treino!!!
 
“Nada como um dia após o outro dia”
 
#paunocat
 

Na preparação para os dois próximos desafios: a maratona dos perdidos considerada a mais difícil do Brasil e pro mont blanc me colocou cara a cara com um treino considerado por mim um divisor de águas. As orientações sobre o treino foram:
Serão 30k com com quase 3000+ sendo 14k de travessia Marins x Itaguaré + 16k de estradas de terra ate chegarmos no ponto inicial do treino “estacionamento”.
Horários: temos que considerar que são quase no mínimo 3h a 3h30 de SP ate o inicio do treino, mas eu pensei em iniciar o treino ainda de noite, para ter a maravilhosa sensação do amanhecer na montanha…
Alimentação e Hidratação: Vamos ter entre 7h20 a 9h de duração, então logística para comidas e suplementos para esse período e vamos ter um ponto de agua no inicio e outro no km14 e no estradão vamos achar muitas casas nas quais podemos conseguir agua…. Iniciar o treino com no mínimo 1,8lts de água.
Equipamentos “sugestões”: tênis com grip para terrenos com muita pedra, calça lycra ou meias/caneleiras de compressão, boné ou buff, óculos escuros talvez faça muito sol, protetor solar, mochila 15lts a 20lts, anorak, camiseta manga longa “capim estará alto” e se sairmos ainda a noite… vamos precisar de head lamp.
Segui a risca as orientações e lá fomos as 4 da manhã rumo a base do Pico dos Marins que além de mim, contávamos com as presenças dos amigos atletas da Northface Running Club: Ejiro (um japonês good vibe e como um bom japa altamente focado e cumpridor a risca das orientações acima. Super cuidadoso e parceiro nas trilhas sendo gentil com todos o tempo todo tenho certeza que aprendeu muito nessa experiência. O Jimmi, atleta amante da natureza, me transpareceu ligeiramente tímido, onde a sua timidez era quebrada quando ajudava um parceiro a transpor um obstáculo ou para sacar do seu celular para tirar fotos daquela incrível manha nas montanhas. Edu, atleta que vem ganhando experiência e força em suas passadas a cada treino, praticamente cumpriu todas as funções durante a nossa jornada: correu, apoiou, tirou fotos, trilhou novas trilhas e me acompanhou durante a nossa corrida. E para completar a lista, tínhamos mais 02 grandes grandes amantes da natureza: o Sinoca meu coach (campeão da jungle marathon) e a Cris “Anna Frost” brasileira (5 colocada nos 50k de ilha bela).
Itagare
 

Galera “good vibe” já na base do Pico dos Marins – foto by Sinoca

Ao chegarmos no morro do careca o dia já estava clareando e ambos soltaram os primeiros comentários: ela: “gente olha que visual maravilhoso” ele: “te falei que valeria muito a pena largar mais cedo”. Particularmente já conhecia a subida até o pico dos Marins, mas depois dali não conhecia nada. A meta era contemplar a natureza, focar nos passos do Coach me divertindo e fazendo forca. Sabia que era uma oportunidade de aprender a ler cada vez melhor as trilhas por onde passávamos. Larguei com a minha mochila “abarrotada” de água, gel, pacoquinha (que eu amo) exceed, pão com azeite e sal, cápsulas muitas, etc.

“Enfrentamos subidas insanas, trilhas com aquele “maledito” capim amarelo, que mais parece um chicote ao tocar em qualquer parte do seu corpo, muitas pedras, alguns caminhos por precipícios e descidas altamente técnicas”. 

Procurei grudar no Sinoca observando seus movimentos e a forma como a sua corrida fluía naquele caminho cheio de raízes, buracos, troncos. Fui administrando a minha água, pois sabia que só poderia encher as minhas garrafinhas no final da descida de Itagaré. O tempo foi passando e na medida que nos enfiávamos nas trilhas mais chicotadas recebíamos daquele capim, nós homens sofríamos calado e a Cris guerreira exaltava suas emoções com os seus “Ai ai ai ui ui” escutamos pelos menos uns 400 ai ai ui ui rs. A cada clarão ou a cada lugar com pedra servia como um alivio para as pernas.
na corda

“concentração máxima na descida” – foto Edu

O tempo passou e finalmente chegamos na descida que nos levaria fonte de água e ao inicial da estrada. Perguntei ao Sinoca se tinha como alguém se perder dali em diante e a resposta foi a melhor que poderia ouvir, disse-me que não teria como e lá fui eu na “bota” do meu coach. Pude analisar cada movimento naquela que sem duvida era uma das descidas mais difíceis que já havia feito, eram armadilhas feitas pelas raízes, buracos, curvas fechadas, chão escorregadio. Por alguns momentos chegamos a conversar sobre planos a, b e c que temos que ter para enfrentarmos uma descida como aquela.

No final daquela descida fomos brindados por um belíssimo rio de água limpa, onde pudemos nos hidratar e esperar pelos demais amigos. Ali enquanto esperávamos, carregamos as baterias, acalmamos a nossa adrenalina com o barulho da água e por fim acalentamos o nosso estomago com um delicioso xburger frio, repartido meio a meio pelo meu coach, foi um verdadeiro banquete dos Deuses.

Clique e Veja como foi a Hidratacao
Não demorou muito o restante do pessoal começou a chegar: primeiro o Ejiro, que demonstrava um desconforto estomacal importante, seus lábios estavam longe da cor normal e na sequencia o restante da turma deu o ar da graça. Já tinha pego instruções com o Sinoca de como voltar até a base do Pico dos Marins e ele como um verdadeiro cavalheiro das trilhas ficou com Ejiro bem como o Jimmi e disse-me que pediria resgate a Ju outra atleta do Northdface runnning club.
Até então, eu o Edu e as Cris não sabíamos ao certo se eles continuariam, só viemos a descobrir de fato quando cruzamos pela Ju na estrada. Demos continuidade em nossa corrida onde por vários momentos dividíamos a responsabilidade de puxar a liderança do grupo, sabíamos que tínhamos um bom tempo de corrida pela frente já estando com as nossas pernas “massacradas” pelo sobe e desce nas montanhas.
no alto da montanha

“a exuberante natureza e como ficamos pequenos no meio dela” – foto Edu

Em certos momentos riamos já em outros momentos o silêncio era ensurdecedor, ouvíamos apenas o barulho do vento nas árvores ou os pássaros. Pelo caminho encontrávamos a população local, andando a cavalo ou caminhando ao lado de seus burricos carregados de capim. Fomos marcando os kms e chegamos no final praticamente exaustos. Fui marcado pela frase do Ejiro: “Cicao você corre muito, muito mesmo, admiro você” me senti honrado com aquela frase, que certamente cai como uma luva para todos que fizeram aquele treino. Não posso deixar de citar frases ou rápidos momentos que me marcaram: os aí aí aí ui (pelo menos uns 400) da Cris que sem dúvida fez um grande treino, o nosso fotógrafo, repórter e comentarista Edu, Ejiro sempre calmo e parceiro, Jimmi pequeno guerreiro, a calma e a energia na condução do grupo o nosso mestre Sinoca sem deixar de citar o apoio que a Ju deu.
Eu isso aí.. “vence quem erra menos ou percebe o erro antes e logo reage” , Klever Kolberg
Bons treinos e pau no gato!!
Cição

Dia 06 de junho chegou e faltava menos de 24 horas para mais um grande e lindo desafio. Saímos de São Paulo eu, Nãna, Rebecca e a Cris rumo a Ilha da Magia. Fizemos uma viagem tranquila, onde íamos falando da estratégia a ser usada, detalhes sobre o clima etc. Ao chegarmos, fomos direto buscar o kit e logo de cara tivemos um pequeno contratempo: o pessoal da organização, solicitava que fosse apresentado atestado médico. “Ihhhhh ferrou, comi bola na leitura do regulamento”. Fiquei bravo no começo, mas logo caiu a ficha de que os caras têm total razão em solicitar este documento.
Fomos orientados pela organização, eu e mais um monte de atletas que o hospital central de Ilha Bela estava fornecendo os atestados e lá fomos nós atrás deste documento. Confesso que num primeiro momento, achei esquisita aquela informação, mas era o que tínhamos para aquele momento. Chegando no hospital, fiquei esperando na fila e de cara me senti mal. Senti-me mal de estar num hospital cheio de saúde atrás de um atestado sendo qua haviam pessoas ali com necessidades muito mais sérias do que a minha. Não aguentei, saí dali e comecei a pensar numa outra solução, liguei para Dra. Regina que conhece o meu histórico de atleta e gentilmente me enviou um atestado por email e com isso no dia seguinte eu consegui retirar o kit da prova. Retiramos o kit logo cedo, assistimos o Moleta ganhar o triathlon, almoçamos algo leve e voltamos pro hotel.

REDS. Pronto para a diversão.
REDS. Pronto para a diversão.

Mudanças na prova e alguns contratempos | Cris, Thiago e eu estávamos a menos de 2 km da largada e com isso optamos por irmos aquecendo até o pórtico pouco antes da largada. Quase chegando, lembrei que tinha esquecido da minha “headband”, me senti estranho, confesso, pois estou acostumado a correr de bandana. Não obstante àquele contratempo, a Cris pergunta para o Thiago Mini Cooper se ele tinha pego o chip da prova e ele responde: “Putz! Esqueci essa p…”. O fera tinha esquecido de colocar o chip e voltou correndo para buscar, numa mistura de aflição, raiva e velocidade lá foi o Mini buscar o único item que não podia ser esquecido, faltavam pelo menos uns 12 minutos para ser dada a largada daria tempo suficiente para ele buscar. Chegamos na largada eu a Cris e demos de cara com alguns amigos, o Vascão “roots”  que sempre me pergunta “e ai Cição, qual será a estratégia da prova?” e eu, como sempre, respondo: “vamos nos divertir muito”. Encontrei também os atletas amigos da North Face, Upfit, Jvm entre outros, dava pra sentir a energia do lugar com a vibração dos familiares. E no meu caso em especial eu procurava a minha esposa e a minha filha Rebecca.
Não demorou muito a buzina tocou as 13h56, ao mesmo tempo que achei a minha família voltei até elas ganhei um beijo carinhoso de boa sorte. Larguei lá atrás e passei por último sob o pórtico, ainda curtindo a galera e a energia da largada, fiquei pensando com os meus botões: cadê o Mini Cooper? Bom, se conheço a fera já, já ele passará por mim.  Neste horário o calor estava dando o ar da graça, pensei comigo? Esse ano a prova será mais dura, pensei: paciência que tudo dará certo. Logo de cara a segunda mudança na prova em relação a última edição, uma pirambeira daquelas a famosa “subida do triathlon” foi de fazer as panturrilhas gritarem, o que servia de alento era o visual “surreal” que tínhamos de toda Ilha Bela, aquilo servia como energia para alma. Não demorou muito adivinha quem apareceu do meu lado? Suando mais que tampa de caçarola – rs – ele, o Mini Cooper, só deu tempo de dizer uma frase de apoio: “Mini está tudo certo, você já está aqui, a prova apenas começou, respira fundo e faça a sua prova leve!”. Ele olhou para mim, fez um sinal de positivo e partiu.
O primeiro pelotão era liderado pelos profissionais, o rei da montanha Virginio, Célio, Marcio Souza e o Mirailton e no final desta primeira subida acabei encostando no segundo pelotão que era liderado por ela, a Super Rosália. Já no primeiro single track demos de cara com uma trilha bem técnica que me fez lembrar do KTR Serra Fina, pois estava bem lisa, com aquele barro preto, além de ser bem técnica. Logo ali levei o meu primeiro tombo, sorri e foquei ainda mais onde estava pisando. Na descida tomei a liderança do pelotão por alguns minutos mas logo na subida dei passagem para os mais rápidos me passarem (Rosália, Mini Cooper, mais dois outros atletas). No 6 km minhas pernas estavam gritando, sentia um calor brutal e dali em diante pensei no que seria aquela prova, e mentalizava “calma que você terá que ir do céu ao inferno e do inferno aos céu muitas vezes ainda… keep calm e engole o choro”. O pelotão foi se dispersando com os dois atletas indo a frente, com a Rosália na bota e o Mini na bota da Rosália e um pouco mais atrás eu. Na subida em direção a praia de Castelhanos, via o Mini de longe mas não demorou muito fui ultrapassado por dois competidores, sendo um deles de origem francesa, um cara muito simpático e um brasileiro jovem que não aparentava ter mais de 30 anos. Os KMs foram passando, eu procurava ficar atento na hidratação e na alimentação.
Ao final, no 20km começara a descida. Soltei as pernas e voltei a avistar – e acabei passando – o Mini Cooper e logo quando adentramos o segundo single track perto do 23km dou de cara com a Rosália, perguntei se estava tudo bem, ela me fez um sinal de positivo, abriu e continuei a descer. Na metade do single track, alcancei o francês que tinha me passado na subida, gritei esquerda e ele gentilmente abriu, mas com ar de preocupado soltou a seguinte frase:

“perdi a minha lanterna, estou preocupado quando chegar o escuro” disse a ele que estavámos num ritmo parecido e que se continuássemos assim, poderia ajudá-lo quando a noite chegasse, desviei por um segundo os meus olhos da trilha para ajudar o francês, acabei tomando um “capote federal” com direito a rolamentos no melhor estilo “telecat”.

Mal sabia que o nosso amigo francês renderia mais uma história dali a alguns quilômetros (aguardem mais algumas linhas – rs). Chegando na praia de Castelhanos, tivemos mais uma mudança no percurso, passamos por um single track “lazarento de bonito” antes de chegar na praia, não sei ao certo qual era a extensão, mas a minha impressão é que tinham muitos KMs e que eram intermináveis. Ao vencermos este single track, entrei na praia acompanhado do Garoto, Mini Cooper e o Francês.
Posso descrever a você que está lendo este post, que a praia de Castelhanos é um lugar simplesmente mágico, parece que você ingressou num outro mundo, é como se estivéssemos passado por um portal, voltado no tempo, para milhões de anos no passado.

Abri os braços, chorei e agradeci a Deus por estar ali com saúde e curtindo aquela natureza exuberante.

Nós chegamos praticamente juntos no posto de controle da praia e não demorou muito para a Rosália também juntar-se a nós. O grande barato é que o staff era formado pela população ribeirinha, houve um grande frisson por parte deles quando viram que a primeira mulher: “chegou a primeira mulher, a primeira mulher chegou”, senti a vibração daquela energia e acredito que a Rosália também tenha sentido o mesmo. Um capitulo a parte, fiquei muito feliz e aprendi muito na forma como a Rosália conduz a sua corrida, sempre com uma expressão serena no olhar e com movimentos leves de pernas e braços. Ela parece flutuar, no seu corpo pequeno  vemos de fato uma grande guerreira.
Voltando a prova, ajudei o atleta jovem a fechar seu compartimento de água de sua camel back, finalizei a minha hidratação com um belo soft drink chamado coca-cola (essa eu aprendi com o Togumi, da Upfit – rs) e partimos de volta às trilhas. Lá estava eu liderando o pelotão, mas não demorou muito e fui ultrapassado por todos eles (o Jovem, o Frances Simpático, o Mini Cooper e a Rosália). A volta foi bem dura, essa turma começou abrir de mim, principalmente quando chegamos no single track. Tive um desconforto estomacal, tomei um sal de frutas e não demorou muito pensei com os meus botões “cá estou passando por mais um perrengue” mas se bem me conheço já, já a situação melhora, mas confesso que aquela trilha ladeira acima parecia interminável. Ao chegar na estrada comecei a subir e já no 33km sabia que até o topo tinham mais uns 5Ks  era só eu naquela estrada (e alguns morcegos que deram o ar da graça). Olhava meu relógio de minuto e minuto e parecia que não saía do lugar. Disse a mim mesmo: “para de olhar essa p…. e foca em colocar um passo na frente do outro, procurei fazer isso e as coisas deram uma leve melhorada rs.”
Parte Final: a descida | No começo da descida, aumentei o ritmo e a sensação que poderia ter câimbras na minha coxa esquerda era cada vez mais presente. Não sei se fiz certo, mas foi a solução que me veio a mente: comi batata fritas (sal a gosto – rs) ao mesmo tempo que jogava água gelada na minha perna… a dor cessou e aumentei ainda mais o ritmo. Prometi a mim mesmo que só olharia o relógio quando chegasse a cidade. Para a minha surpresa, passei alguns corredores, que acredito eram os guerreiros que estavam fazendo os 80K .
Desci que nem um louco focado, concentrado na qualidade das minhas passadas e movimento dos meus braços, não demorou muito, ao fazer uma curva me deparei com duas lanternas paradas, pensei comigo “vixi tem algo errado acontecendo ali. Quando chego perto para oferecer algum tipo de ajuda, dou de cara com o Mini Cooper “estatelado” no chão, recebendo um apoio do francês simpático. Pergunto o que houve e o francês me diz que ele acabara de virar o pé e o Mini diz: “Véiii, torci feio, tá doendo pra c… não vai dar , não vai dar”. Putz! Faltavam menos de 10k para terminar a prova, precisa fazer com que ele não desistisse: “Thiago, levanta do chão! Aguenta firme e segue trotando que já esta acabando, numa prova dessas temos momentos em que estamos no céu e momentos que estamos no inferno, pau no gato meu caro e foco no seu objetivo, seu corpo está quente, veja se consegue apoiar o pé e manda bala”. Ele na força de um guerreiro disse-me: “Véiiii fica tranquilo que irei terminar, vai lá faz a sua prova, na boa meu irmão, vai tranquilo que estou bem”. Segui em frente, tendo a partir dalí como companhia o Francês (que, detalhe, estava sem headlamp) e assim fomos assim até o km 48, quando chegamos na cidade disse a ele no meu francês fluente (rs): “ALLEZ ALLLEZ, Buddy”, pois já estava bem cansado daquela pancadaria que foi aquela descida.
Faltando menos de 2km, resgatei todas as forças que ainda me restavam e aos gritos de parabéns guerreiro vindo das pessoas na rua, fui as lágrimas, vibrei muito, gritei, pensei como foi difícil completar essa. Foi uma realização pra mim ter enfrentado esse desafio. Fiquei muito feliz com a minha posição, fui infomardo pela minha esposa que poucos haviam chegado até então e soube que tinha chegado em 10 na classificação geral (incluindo os profissionais, ao menos uns 5) e sendo o 1º na minha categoria. O francês chegou em 12º lugar, o Mini, de forma fantástica, terminou em 13º lugar no geral e em 4º na categoria. No feminino, a Rosália sagrou-se campeã, chegando há exato um minuto na minha frente com 5h46m e a Cris guerreira chegou em 5º no feminino. Ganhei mais do que uma medalha, ganhei abraços da minha família, ganhei novos amigos e fui banhado pela alegria e pelo carinho das pessoas que amam este esporte.
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Se você leu até aqui é porque no mínimo ficou curioso com a história do francês simpático, pois bem. Eu pensava com os meus botões como foi que o Mini virou o pé. Era uma estrada de terra batida, tinha buraco sim, mas com a luz da lanterna dava perfeitamente para se livrar dos buracos….Somente a noite pós-prova que descobri, quando pude ouvir da boca do Mini durante a nossa pizzada com vinho que, ao ajudar o francês simpático iluminando o caminho pra ele, assim como tinha acontecido comigo na ida, ele tirou o olho da trilha por um segundo e acabou pisando num buraco e virou o pé.
Filha de ‘pau no cat’, “pau no cat” é | No domingo fui brindado pela “good vibe” da minha filha que correu a provinha do XTERRA KIDS, queria por que queria correr de mochila igual ao papai, mas depois de muita conversa, ela deixou a mochila de lado e foi correr a sua bateria finalizando em primeiro lugar ao som do papai babão “Corre Rebecca. Vai Rebecca. Corre Filha!” rs.
Confira aqui a video reportagem do XTERRA ficou bem legal!!!
 
É isso galera #Paunocat e vamos para o próximo desafio!
Agradecimentos especiais:
Dra. Regina, por ter me salvo com atestado
Dr. Mauricio, ao gelo e as boas conversas
Dr. Liaw,  agulhadas e gargalhadas
A Nãna, por acreditar em mim e por ser a minha principal torcedora <3
Ao Gabriel, amigo que cuida desta máquina como ninguém
Ao Coach Sinoca, queridíssimo técnico por me ensinar todos os dias
Aos meus parceiros de corrida: Mini Cooper e a Cris “Ana Frost brasileira”

A tatuagem já foi usada para identificar bandidos e enfeitar poderosos; para juntar tribos e afugentar inimigos; para mostrar preferências e esconder imperfeições. O que não mudou quase nada foi a técnica de aplicação de tinta na pele. Passados mais de 4 mil anos, ela ainda é feita por meio de agulhas que perfuram a derme. Perseguida em vários momentos da história, a prática foi banida por decreto papal no século 8 e na Nova York do século 20. Apesar disso, é difícil encontrar quem nunca tenha pensado em fazer uma.
Pois bem, eu era mais um dessas pessoas que nunca tinha pensando em fazer uma tatuagem. No mundo esportivo sempre me deparava com amigos atletas que mostravam as suas tattoos com orgulho, como expor um lindo troféu. São pernas, braços, costas que exibem tatuagens de corredores, de bikes estilizadas, animais marinhos, isso sem contar os inúmeros símbolos do ironman representando a glória daquele atleta de ter finalizado os 3,8 km de natação, 180 k de pedal e para completar os 42 k no pé.
Essa ideia começou a amadurecer na minha cabeça de 2010 pra cá. Veja só, amigo leitor, eu que nunca tinha pensado nisto, estava alí no Cruce de Los Andes pensando exatamente em fazer a minha. Só não sabia o quê, quando, como, e, principalmente, onde (quem nunca fez essas perguntas todas?).
Já em uma das etapas do Cruce, acho que em 2011, vi alguns atletas ostentando suas tattoos, em especial a do meu amigo ultramaratonista Rodrigo Tramontina. A cada dia que passava aquela ideia se fixava na minha cabeça e ia se intensificando ainda mais durante nos treinos para os 119 k do TDS Ultra Trail du Mont Blanc. Acho que no fundo, no fundo precisava de um grande desafio para servir de inspiração e ao mesmo tempo um grande significado para que pudesse fazer a minha.
Depois de refletir muito durante os inúmeros kms percorridos nos meus treinos, prometi a mim mesmo que se terminasse o TDS, faria o símbolo da prova do UTMB. Na minha opinião representava tudo aquilo que amo na corrida, representa o estilo de vida que é correr nas trilhas, nas montanhas, além de, é claro, representar uma grande conquista pessoal.  A partir dali conversei com alguns amigos tatuados e com a minha esposa que também tem as suas e pesquisei um pouco mais o que significava pra eles às suas tatuagens e sem pestanejar, todos eles tinham uma história impar para contar sobre cada um daqueles desenhos e o que mais me tocou foi o brilho no olhar de cada um deles.
Lá fui eu para as agulhadas. Ao terminá-la e vê-la estampada no meu corpo eu era sabedor que aquele desenho tinha um significado importantíssimo para mim, um desenho que foi pensado, amado e que representa muito daquilo que sou.
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E você? Qual a sua tatuagem? Qual a história dela?